BR-232: 552 quilômetros de puro Pernambuco
Os detalhes sobre a obra poderão ser conferidos no livro "BR-232, um caminho de Engenharia e História", do engenheiro civil Maurício Pina
Bairrista por natureza, o pernambucano gosta de ressaltar aquilo que o estado possui de diferente dos demais. Seja por pioneirismo, quantidade, tamanho, qualidade ou singularidade. Algo que só Pernambuco tem. Um exemplo disso pode ser a BR-232. Uma rodovia inteiramente pernambucana em seus 552 quilômetros de extensão. Os detalhes sobre a obra poderão ser conferidos no livro “BR-232, um caminho de Engenharia e História”, do engenheiro civil Maurício Pina. A publicação será lançada nesta segunda, na Universidade Católica de Pernambuco.
“A BR-232 é a única que está totalmente dentro do território pernambucano. Não há em outra unidade da federação. A obra conta a história desde o início do século XIX até o século XX, quando, na década de 1930, o antigo interventor federal de Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti, concluiu a pavimentação do trecho entre Tejipió e Jaboatão”, afirmou Pina. “Antigamente, a BR-232 não seguia o traçado atual, passando pelo Curado. Ela saia do Marco Zero, ia para Afogados, Rua de São Miguel, Avenida Doutor José Rufino, Tejipió, Jaboatão e Moreno”, completou.
Antes de ser chamada de BR-232 (intitulada hoje também como Rodovia Luiz Gonzaga), o local era conhecido como Estrada Tronco Central, Estrada Transversal de Pernambuco ou BR-25, antiga denominação do trecho entre Recife e Vitória de Santo Antão. No livro, Pina detalha que o primeiro ponto em pavimento de concreto no Norte e Nordeste do Brasil foi construído entre Tejipió e Jaboatão, na década de 1930.
“Para a construção, foi feita a primeira Parceria Público-Privada (PPP) na área rodoviária em todo o Brasil. Um acordo entre o Governo do Estado e a Companhia Indústrias Brasileiras Portela, que tinha uma fábrica de papel em Jaboatão e uma construtora. Depois, na década de 50, quando Agamenon Magalhães assumiu como governador, tendo Armando Monteiro Filho como Secretário de Viação e Obras Públicas, foi iniciada a chamada 'Batalha da Pavimentação’ por aqui”.
Segundo o autor, Agamenon criou quatro tributos para custear o projeto: a taxa rodoviária a ser paga por ocasião do licenciamento anual dos veículos (Lei nº 1.182, de 17 de setembro de 1951); Adicional de 0,4% sobre o Imposto de Vendas e Consignações, o atual ICMS (Lei nº 1.227, de 04 de outubro de 1951); Taxa de Pedágio nas rodovias estaduais pavimentadas (Lei nº 1.234, de 11 de outubro de 1951); Contribuição de Melhoria, a ser paga pelos proprietários dos imóveis localizados em uma faixa de cinco quilômetros para cada lado das rodovias estaduais pavimentadas (Lei nº 1.257, de 20 de outubro de 1951) - essa última, porém, não chegou a ser cobrada.
Atualmente, a BR-232 vai de Recife até a cidade de Parnamirim, no Sertão pernambucano, distante 570 quilômetros da capital. Sob a gerência do Estado durante o governo de Jarbas Vasconcelos, em 2000, no trecho de 130 quilômetros entre Recife e Caruaru, BR-232 ficará novamente com a União, após pedido do Estado - a “devolução” acontecerá antes do prazo final do convênio, que vence em 2027. O Governo Federal promete investir R$ 300 milhões na rodovia, sendo um dos projetos a duplicação no trecho entre São Caetano, no Agreste, e Serra Talhada, no Sertão.