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Naufrágio de barco de imigrantes deixa seis mortos no Canal da Macha

Equipes britânicas e francesas já resgataram mais de 50 pessoas que tentavam a travessia ilegal até o Reino Unido

Navio francês participa de operação de resgate de imigrantes no Canal da Mancha - Bernard Barron / AFP

Seis pessoas morreram e mais de 50 foram resgatadas após o naufrágio de uma embarcação com imigrantes que tentavam cruzar ilegalmente o Canal da Mancha em direção ao Reino Unido, neste sábado (12). A operação resgate conjunta das Guardas Costeiras francesa e britânica começou na madrugada e foi possível ver pessoas sendo retiradas de um barco salva-vidas em macas na cidade de Dover, na Inglaterra.

A rede britânica BBC informou que há relatos de que a embarcação estava superlotada e que outro barco pequeno também enfrentou dificuldades, mas todos a bordo foram resgatados, de acordo com a Guarda Costeira do Reino Unido.

Autoridades de Paris também informaram que a primeira vítima identificada foi um homem com idade estimada entre 25 e 30 anos, de origem afegã. A Guarda Costeira da França confirmou que a operação de resgate ainda está em curso em busca de entre 5 e 10 desaparecidos. Três barcos franceses, um helicóptero e um avião foram mobilizados.

“Meus pensamentos estão com as famílias da vítimas” declarou, no Twitter, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne.

Até 10 de agosto, 15.826 pessoas cruzaram o Canal da Mancha usando pequenas embarcações este ano, diz a rede britânica. No ano passado foram mais de 45 mil. Em julho, o Parlamento britânico aprovou uma lei polêmica sobre imigração que pretende impedir imigrantes que entram de forma ilegal no Reino Unido de solicitar asilo no país. A legislação é considerada iniciativa crucial para o primeiro-ministro conservador Rishi Sunak, que estabeleceu como prioridade a luta contra a imigração irregular.

A lei recebeu muitas críticas no Reino Unido e também de organizações internacionais, como a ONU, que reagiu afirmando que o texto é contrário ao direito internacional. Até o rei Charles III, no ano passado, enquanto ainda era príncipe, teria dito ao jornal The Times, que "estava mais do que decepcionado" e que toda a conduta proposta pelo governo era "terrível". A informação não foi confirmada pela Clarence House, então residência oficial do príncipe, mas também não foi desmentida.

Além de impedir que imigrantes sem documentos possam solicitar asilo no país, o governo britânico deseja que eles sejam rapidamente detidos e expulsos, seja para seu país de origem ou para outro com quem Londres estabeleça um acordo, como Ruanda. No ano passado, sob a gestão de Boris Johnson, o Reino Unido anunciou um acordo com Ruanda para enviar ao país os migrantes em situação irregular, mas até o momento nenhuma expulsão foi concretizada. O primeiro voo no âmbito do pacto, que era previsto para junho de 2022, foi cancelado após uma decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH).

Prisão flutuante
Esta semana, o governo britânico botou em prática o controvertido plano de abrigar solicitantes de asilo no gigantesco navio Bibby Estocolmo, atracado no porto da ilha de Portland, na costa sul da Inglaterra. As autoridades britânicas alegam sobrecarga do sistema de asilo do país, com mais de 130 mil casos em análise e alguns na fila há seis meses, além do alto custo de manutenção dos imigrantes em hotéis.

O Bibby Estocolmo vem sendo chamado de "prisão flutuante" por seus críticos. Nesta segunda-feira, a ONG de defesa de migrantes Care4Calais denunciou um sistema "cruel" e "desumano", ressaltando que alguns requerentes de asilo "sobreviveram à tortura e à escravidão moderna e tiveram experiências traumáticas no mar".

Na sexta feira (9), os imigrantes tiveram que deixar a embarcação após a descoberta da bactéria legionella na água do navio. Esse tipo de bactéria é conhecida por causar infecção pulmonar. Não foram registrados sintomas entre as pessoas que estavam no barco, mas todos devem ser levados para novas acomodações como medida de segurança. De acordo com jornal The Guardian, os 39 imigrantes que haviam embarcado na segunda-feira foram retirados da embarcação, que tem capacidade para mais de 500 pessoas.