PATRIMÔNIO VIVO

Terreiro Ilê Axé Oxalá Talabi é eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco

A comunidade há 32 anos mantém atividades culturais e religiosas na cidade do Paulista-PE

Divulgação

O Terreiro Ilê Axé Oxalá Talabi está entre os dez novos Patrimônios Vivos de Pernambuco. Localizado em Paratibe, Paulista, o Terreiro, que há 32 anos mantém atividades culturais e religiosas, será titulado como Patrimônio Vivo pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) em cerimônia marcada para esta quinta-feira (17), no Teatro de Santa Isabel, às 9h.

O nome Ilé Àse Òrìsànlá Tàlàbí, de origem iorubá, significa “Casa de força do grande Orixá que nasce do Alá”. O Axé Talabi preserva a concepção afro-indígena de família, que se constitui por parentescos biológicos, culturais, espirituais e míticos. As celebrações resguardam as práticas ancestrais compostas pela musicalidade, gastronomia, vestuário, danças e pelas relações com a natureza.

O legado ancestral familiar foi repassado de geração em geração, possibilitando que em janeiro de 1968 fosse plantado o Axé no primeiro imóvel que acomodaria a família e seus descendentes e daria continuidade a força vital ancestral. Em janeiro de 1991 a casa abre as portas para a comunidade, as primeiras atividades rituais públicas dirigidas pelos fundadores. 

Historicamente diversas famílias negríndigenas de Pernambuco organizaram seus grupos e estabeleceram seus territórios culturais sagrados para preservarem seus saberes e fazeres tradicionais, possibilitando que seu patrimônio cultural mantivesse-se vivo. Foi nas terras de Paratibe, antigo centro estratégico do quilombo do Catucá, a partir da preservação e continuidade do legado cultural familiar de Aguinaldo Barbosa - Painho de Xangô (Obá Dodê) e Maria da Solidade - Mãe Dada de Oxalá (Tàlàbí Deyìn), que foi fincado as raízes do Ilê Axé Orixalá Talabí. 

Nos últimos 32 anos, o Terreiro desenvolveu diversos programas, projetos e atividades na área da salvaguarda do patrimônio cultural afro-indígena brasileiro reconhecidas nacionalmente. São ações que envolvem crianças, adolescentes, adultos e idosos em torno de trabalhos voltados para a salvaguarda e valorização dos elementos que compõem os bens do patrimônio imaterial preservados através da dinâmica cotidiana da comunidade, garantindo o acesso das futuras gerações.

Patrimônio Vivo

Com os novos dez eleitos, Pernambuco passa a ter 95 Patrimônios Vivos registrados de diversas regiões. São considerados “Patrimônio Vivo” homens e mulheres que, individualmente ou junto aos seus coletivos, mantêm tradições centradas na oralidade, tecem redes de compartilhamento e aprendizado pautados na valorização dos conhecimentos técnicos e das vivências, intercâmbios e histórias que são passadas para novas gerações de acordo com os contextos de suas comunidades, preservando a grande diversidade de bens culturais.

Assim temos, por exemplo, a presença de parteira tradicional, artista circense, mestres e mestras da poesia popular, do repente e da literatura de cordel. Temos também coquistas, maestros de frevo, artesãos modeladores de barro e de brinquedos populares. Cada qual, com seu conjunto de saberes, relaciona-se com uma variedade muito grande de aprendizes, formando diretamente e indiretamente discípulos(as).