Copacabana Palace escapou de ser demolido e terreno, de virar pista de skate; entenda
Para o arquiteto Sérgio Magalhães, ideia era visão ultrapassada da arquitetura moderna
A morte de Octávio Guinle, fundador do Copacabana Palace, em 1968, coincidiu com um período em que a família já enfrentava dificuldades para mantê-lo.
Ao longo dos anos, antes da decisão de vendê-lo, a crise fez os herdeiros pensarem em até demolir o prédio em 1980 e construir um novo centro comercial em Copacabana.
Os imensos salões — sinônimos de sofisticação do hotel, que comemora seu centenário neste domingo — seriam transformados, por exemplo, em rinques de patinação, pista de skate, entre outros equipamentos comunitários.
Apenas parte da área seria voltada para a hotelaria. Para o plano ir à frente, dependia de uma avaliação da Comissão de Planejamento (Complan) da Secretaria Municipal de Planejamento, que rechaçou o projeto por unanimidade.
Quem se recorda bem da proposta é o arquiteto Sérgio Magalhães, que na época era chefe de gabinete da Secretaria de Planejamento e integrante do Complan.
— Essa ideia de demolir o Copacabana Palace naquela época já era uma visão ultrapassada da arquitetura moderna. A partir dos anos 1970, o conceito que valia era buscar formas de aproveitar imóveis existentes, reformá-los e revitalizá-los economicamente — observou Sérgio Magalhães.
O projeto havia sido encomendado ao arquiteto Paulo Casé (1931-2018). Em meio à comoção popular, nos anos seguintes, o hotel seria tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, da prefeitura.
Na época, circulou uma versão que em lugar do hotel seriam construídos cinco prédios. Casé negou e afirmou, em entrevista ao GLOBO, que seria um bloco único em L ,com diversas atividades inclusive hoteleira, mas apenas em parte do imóvel. O novo prédio teria 37 andares, sendo a maior parte dos andares ocupados pelo novo Copa
'"A nossa ideia e da família Guinle é dar um bom equipamento comunitário à cidade e principalmente ao morador de Copacabana '', disse Casé.
Na época, uma equipe do GLOBO ficou hospedada por dois dias para avaliar as condições do hotel. Na matéria ''O nobre ameaçado não perde a pose'' (11 de outubro de 1980), a impressão não foi das melhores:
''A sua tão falada decadência é comprovada pelo desgaste dos móveis, pela preservação precária dos apartamentos (...) o Copa não passaria hoje de um hotel familiar com três estrelas'', escreveu Sonia Biondo, que morreu em 2014.
Anos antes, um outro projeto, também reprovado, previa a demolição apenas do anexo, com a construção de apartamentos.
Em 1989, depois de muita resistência, apesar da insistência dos filhos, Marizinha Guinle concordou em vender o hotel para o empresário James Sherwood, fundador da Rede Belmond, que iniciou uma série de melhorias no hotel. Atualmente, o Belmond faz parte das empresas do grupo LVMH.