Rio de Janeiro

Prédio do Copacabana Palace vale R$ 179,9 milhões e é isento de IPTU; entenda

"O valor do Copacabana Palace não é o valor do edifício em si. Como patrimônio, seu valor é imensurável", diz diretor do hotel

Copacabana Palace - Reprodução / Redes Sociais

Manter o Copacabana Palace em excelente estado de conservação garante não apenas a elegância que atrai turistas endinheirados de todo mundo em busca de locais de hospedagem de alto padrão. Se pela simbologia para a cidade seu valor é inestimável, O Globo confirmou, com o número de inscrição imobiliária do cadastro da Secretaria municipal de Fazenda, que, pelo menos para efeito tributário, o imóvel vale R$ 179, 9 milhões. No entanto, o prédio é isento de IPTU e recolhe apenas R$ 1.365 de taxa de coleta de lixo, que ainda pode ser quitada em dez parcelas mensais.

Benefício para imóvel tombado
Isso ocorre porque, como em qualquer outro imóvel na mesma situação, o hotel é beneficiado pela legislação municipal que concede isenção do tributo para prédios tombados. A única exigência é que as características originais sejam preservadas.

Preocupação à parte com o IPTU, que se fosse cobrado poderia chegar a quase R$ 4,5 milhões por ano (2,5% do valor do imóvel), a atual direção do hotel caprichou na comemoração do centenário. A fachada ganhou pintura nova que remete ao tom adotado em 1923 e modernizou sua iluminação cênica. O mobiliário da piscina foi trocado, ganhando novos ombrelones e espreguiçadeiras; e os centenários candelabros dos salões foram restaurados.

No entanto, nem sempre o cenário foi esse. Quem conta é o inglês Philip Carruthers, que assumiu a direção-geral do hotel imediatamente após o grupo Orient Express (hoje Belmond) comprar o hotel da família Guinle, em 1989. Carruthers comandou o Copacabana Palace durante 23 anos, quando o local passou por uma profunda reformulação:

"Nesses 23 anos, o grupo investiu US$ 120 milhões (cerca de R$ 600 milhões) em reformas no hotel. Bem mais do que os US$ 23 milhões (R$ 115 milhões) que pagou à família Guinle. Em 1989, o hotel não era mais competitivo no segmento de hospedagem de luxo. No máximo, equivalia a ficar hospedado em um hotel três estrelas" revela Carruthers.

A necessidade de modernização ocorreu em um momento em que redes de luxo mais modernas que o antigo hotel começou a investir mais na cidade, graças a incentivos fiscais do governo para construção de estabelecimentos de hospedagem a partir dos anos 1970, para atrair mais turistas internacionais. A partir daí e ao longo de quase dois anos, várias bandeiras se instalaram no Rio, entre elas, o Caesar Park (hoje Softel), em Ipanema, e o Le Méridien (hoje rede Hilton), no Leme. A primeira providência, conta Philip Carruthers, foi restaurar a fachada:

"Internamente, a configuração do hotel também mudou bastante para melhorar a oferta de serviços. Com isso, o hotel voltou a ser reconhecido internacionalmente pelo padrão de atendimento."

No fim de 2018, a rede Belmond foi vendida para o grupo francês LVMH, uma holding francesa especializada em artigos de luxo, que reúne, entre outras marcas, a Louis Vuitton.

"Independentemente da nacionalidade de quem o controla, o Copa manteve identidade própria. Mantém sua essência de ser genuinamente brasileiro" opina o ex-diretor.

O custo das novas intervenções para o centenário não foi divulgado. Mas, geralmente, no segmento luxo, pelo menos 4% das receitas são revertidas em melhorias na infraestrutura e para renovar quartos e mobiliário.

"O valor do Copacabana Palace não é o valor do edifício em si. Como patrimônio, seu valor é imensurável. Além de ser uma empresa como todas as outras que precisa fechar no verde ao final de cada ano, precisa ter clientes, hóspedes e empregados satisfeitos. Nosso lema é honrar o passado e inspirar o futuro" diz o português Ulisses Marreiros, atual diretor do hotel.

Ele prossegue:

"Se o Copacabana Palace tivesse os mesmos valores de 1923, estaríamos fechados. Nós nos adaptamos aos novos tempos. Dentro de algum tempo vamos renovar os quartos, o que foi feito pelo menos três vezes (desde 1989). Devemos renovar o spa, entre outras áreas. Isso faz parte da proposta que temos para o cliente, que é focar na excelência dos serviços" adianta Marreiros.