Colômbia

ELN e Colômbia apostam em 'alívio humanitário' após cessar-fogo

Delegações se reúnem até 4 de setembro na capital venezuelana

A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez (C), acompanhada por delegados do ELN, último grupo guerrilheiro ativo da Colômbia, Nicolas Rodriguez, Claudia Rodriguez, negociador-chefe Israel Ramirez Pineda, Otty Patiño, Maria José Pizarro e Ivan Ceped, - Federico Parra/AFP

O governo da Colômbia e a guerrilha do ELN iniciaram nesta segunda-feira (14) em Caracas um quarto ciclo em suas negociações de paz com o objetivo de conseguir “alívio humanitário” para as áreas mais afetadas, após a entrada em vigor de um cessar-fogo até fevereiro.

As delegações se reúnem até 4 de setembro na capital venezuelana, onde iniciaram as negociações em novembro de 2022.

“É preciso visar como concretamente se leva alívio às cidades e regiões que hoje estão sofrendo mais com o conflito”, disse Pablo Beltrán, líder da delegação do Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista).

“Se me perguntassem qual é o resultado deste ciclo, diria que os instrumentos criados pela mesa, que é a participação e o cessar, realmente proporcionem um alívio humanitário às populações e cidades que mais sofrem.”

No ciclo anterior, realizado em Havana, as partes concordaram com um cessar-fogo bilateral - com verificação da ONU - por um período de seis meses, que entrou em vigor em 3 de agosto. No mesmo dia, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, teve um encontro inédito em Bogotá com os líderes das negociações do ELN.

"Queremos propor à outra delegação que avancemos para que este ciclo seja o ciclo do povo, do povo que vive nos territórios mais afetados pelo abandono e a violência", afirmou Otty Patiño, representante do governo na mesa de paz.

A guerrilha ELN se tornou a organização armada de esquerda mais longeva das Américas, depois do desarmamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas), em 2017.

O presidente Petro também dialoga com dissidentes das Farc que não depuseram as armas ou as retomaram, e com outros grupos paramilitares e gangues que mantêm suas atividades criminosas.

No início de agosto, os diálogos foram ofuscados por uma denúncia do Ministério Público sobre um suposto plano da guerrilha para assassinar o chefe do MP. O ELN negou a denúncia e disse se tratar de uma tentativa de sabotagem.