Trabalhadores brasileiros são os mais afetados por alta dos alimentos na América Latina
País foi o que mais sentiu efeitos da inflação
Os brasileiros estão entre os mais afetados pelo o aumento do custo de vida entre os trabalhadores da América Latina, mostra uma pesquisa feita pela Page Outsourcing, consultoria que faz parte do PageGroup no Brasil. O levantamento ouviu 8.176 profissionais na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Panamá, entre março e julho deste ano.
A alta dos alimentos foi o que mais pesou no orçamento dos trabalhadores da região. O estudo mostrou que o aumento no custo da alimentação afetou 79,3% dos profissionais brasileiros. Na sequência, entre os que mais sentiram a inflação desses itens, aparecem Colômbia (78,1%), Panamá (77,1%), México (75,1%), Peru e Argentina (com 73,2% cada) e Chile (73,1%).
Letícia Valente, diretora da Page Outsourcing e uma das responsáveis pelo estudo, explica que o monitoramento é um termômetro importante para empresas avaliarem a necessidade de aumento de remuneração ou melhoria de benefícios:
— O aumento do custo de vida impacta diretamente a rotina dos profissionais no mercado de trabalho. É importante que as empresas olhem para como elas estão estruturando a remuneração total, para ajudar a amenizar os impactos da inflação. Isso reflete diretamente na retenção (de profissionais).
Nos outros dois fatores estudados, o Brasil aparece em segundo lugar entre os que mais sofreram com o aumento de custos. A subida no preço dos combustíveis, de acordo com a pesquisa, afetou diretamente mais da metade dos profissionais do país (55,8%), que ficou atrás somente do Panamá (57,1%). O topo da lista segue com México (52,4%), Colômbia (49,2%) e Peru (49,1%).
No caso das contas básicas, que incluem luz, água e telefonia, 48,1% dos profissionais brasileiros sentiram o aumento de preços. Na sequência, aparecem Colômbia (44,2%), Peru (40,5%) e Argentina (32,6%), enquanto o Panamá mais uma vez lidera a lista (57,1%).
Reajuste salarial
A pesquisa teve 2.567 respondentes no Brasil, em geral trabalhadores qualificados, explica Letícia Valente. Ela destaca que, apesar dos brasileiros estarem entre os mais impactados pelo aumento do custo de vida na América Latina, eles foram os que menos buscaram aumento no salário - 34% dos participantes disseram que não procuraram aumento.
Os dados contrastam com o de outros países, onde a parcela foi bem menor. No Panamá, Argentina e Chile , menos de 20% não buscaram reposição salarial. No México, Colômbia e Peru a parcela foi menor que 15%.
Um dos fatores que ajuda a explicar o freio nas negociações é de que os profissionais brasileiros foram os que mais constataram aumento salarial já acompanhado da taxa de inflação na região (30%). Os respondentes do Panamá (27,5%), Argentina (27,4%), Colômbia (23,4%) e Chile (22,9%) apareceram nesta sequência.
— Quando há uma reposição da inflação no salário, o poder aquisitivo do trabalhador fica mantido. Essa política ajuda a valorizar e reter talentos — acrescenta Valente.