SAÚDE

Infecção urinária: conheça os sintomas da doença que em 80% dos casos afeta as mulheres

Anatomia feminina facilita a entrada de bactérias e fungos no trato urinário

Sinais e sintomas da infecção urinária variam conforme o órgão afetado - ArtPhoto_studio/Freepik

A infecção urinária é um problema desencadeado por bactérias e fungos que invadem e multiplicam-se no trato urinário. Ela acomete principalmente as mulheres, por conta da anatomia feminina: menor extensão da uretra (tubo pelo qual a urina é expelida da bexiga) e maior proximidade entre a vagina e o ânus.

Também conhecida como infecção do trato urinário (ITU), esse é um tipo de infecção muito comum e, por vezes, seus sintomas não aparecem.

O problema pode ser dividido em infecções da uretra (uretrite), da bexiga (cistite) ou do rim (pielonefrite). No homem podemos, ainda, englobar as infecções associadas à próstata (prostatite) ou aos testículos (orquite e orqui-epididimite).

Quais são os sintomas da infecção urinária?
Os sinais e sintomas da infecção urinária variam conforme o órgão afetado. Nos casos mais comuns de infecções da bexiga (cistite), as queixas mais frequentes são:

Dores, ardor ou desconforto ao urinar

Necessidade de urinar várias vezes e geralmente em pequenas quantidades

Presença de urina turva e/ou mau cheiro

Pode ocorrer de aparecer sangue na urina, mais comum em pessoas que fazem medicamentos para as plaquetas ou para a coagulação do sangue.

As infeções localizadas ao rim costumam ser mais graves e necessitar de tratamento mais prolongado. O paciente com infecção do rim costuma apresentar:

Febre

Mal-estar

Náuseas ou vômitos

Dor lombar do lado do rim afetado

O paciente pode apresentar também as mesmas queixas descritas para as infeções da bexiga

As infeções da uretra costumam causar os seguintes sintomas:
Ardor ao urinar (mais comum no início e ao final da micção)

Corrimento pela uretra, esbranquiçada, amarelada ou transparente

Os sintomas de infeções da próstata são menos específicos:
Febre

Dor ou ardor a urinar

Diminuição do jato da urina ou mesmo incapacidade para urinar

Dor na região entre o escroto e o ânus (dor perineal).

A presença de mal-estar geral, dores musculares generalizadas, perda de apetite, náuseas e vômitos pressupõem a existência de uma infecção grave, disseminada pelo corpo e geralmente determinam a necessidade de internamento hospitalar para tratamento.

 

Como é o tratamento da infecção urinária?
Após iniciar o tratamento, os sintomas costumam durar de 2 a 3 dias, mais rápido para as cistites e mais lento para as prostatites e pielonefrites. No caso de febre persistente é necessária uma investigação mais pormenorizada, pois a terapêutica instituída poderá não ser eficaz ou ser necessário outro tipo de tratamento.

Em alguns casos podem não existir sintoma, assim chamadas infecção urinária assintomática, mais comuns nos pacientes idosos, e geralmente não necessitam de tratamento.

As grávidas são um grupo de exceção, para o qual é recomendado tratar todas as infeções urinárias, mesmo que não originem sintomas.

O tratamento depende do diagnóstico, do patógeno que está causando a infecção, além do órgão afetado. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais como de urina rotina, urocultura (exame definidor do diagnóstico), e antibiograma.

Para tratar a infecção urinária, normalmente são prescritos antibióticos e analgésicos para aliviar a dor nas vias urinárias.

O que causa a infecção urinária?
A maioria das infeções urinárias é provocada por bactérias. Em alguns casos, podemos encontrar também infeções por fungos, geralmente em pacientes diabéticos ou quando o sistema imunológico está enfraquecido. As infeções do trato urinário por vírus ou parasitas são raras.

As mulheres apresentam mais risco de desenvolverem infeções urinárias — 80% a 90% dos casos ocorrem nelas — pelo fato de possuírem uma uretra mais curta e maior proximidade da vagina com o ânus. Geralmente, a infecção urinária feminina ocorre por contaminação de microrganismos da região vaginal ou perianal e associa-se com frequência a condições que alterem o pH da vagina como, por exemplo, a menstruação, utilização de produtos de limpeza vaginais, infecções fúngicas vaginais (candidíase) ou mesmo o envelhecimento (diminui a eficácia dos mecanismos protetores contra as infeções urinárias).

A condição é mais prevalente na idade reprodutiva e nas mulheres que estão na menopausa, devido à queda do estrogênio e de alterações no tipo e quantidade de micro-organismos que protegem a vagina.

A atividade sexual também constitui um mecanismo frequente para o desenvolvimento de infecções urinárias de repetição: a relação sexual aumenta as chances de introdução de bactérias para o interior da vagina e a subida destas bactérias pela uretra até a bexiga.

A infecção urinária na gravidez é relativamente comum e deve ser objeto de tratamento, mesmo que as mulheres não tenham sintomas. As infeções urinárias constituem riscos consideráveis para a saúde da gestante e do feto, como tal devem ser avaliadas cuidadosamente.

A infecção urinária masculina é menos comum e surge, normalmente, quando o paciente não consegue esvaziar totalmente a bexiga. Esta situação pode acontecer em condições como o aumento benigno da próstata ou em estenoses (apertos) da uretra.

A infecção urinária nos homens pode transmitir-se à próstata (prostatite), epidídimo (epididimite) e testículo (orquite/orquiepididimite), sendo que, nestes casos, o tratamento é mais prolongado que aquele preconizado para as infeções simples da bexiga (cistite).

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, são fatores de risco para a infecção urinária em adultos:
Sexo feminino;

Menopausa;

Higienização íntima inadequada antes e após o ato sexual;

Litíase (cálculo) renal;

Alterações na próstata;

Histórico de procedimentos urológicos, e de uso recente de sonda vesical;

Como prevenir a infecção urinária?

A Sociedade Brasileira de Nefrologia dá as seguintes dicas para prevenir e evitar a infecção urinária:

Ingira bastante líquido, de preferência água;

Não demore para urinar, caso tenha vontade;

Urine e faça higiene prontamente após a relação sexual;

Lave as mãos antes e após urinar e/ou evacuar;

Não tome medicamentos por conta própria! Em caso de sinais ou sintomas, procure um médico para diagnóstico e tratamento corretos.

*Estagiário sob supervisão de William Helal