TRUE CRIME

Documentário da Netflix relembra a morte de Isabella Nardoni; saiba o que esperar do filme

"Isabella: o Caso Nardoni" estreia nesta quinta-feira (17), com direção de Micael Langer e Claudio Manoel

"Isabella: O Caso Nardoni" estreia na Netflix - Divulgação

“Isabella: o Caso Nardoni”, filme que a Netflix estreia nesta quinta-feira (17), é o mais novo exemplar da onda de produções do gênero “true crime” que vem tomando conta do streaming há algum tempo.

Quinze anos após o assassinato que comoveu o Brasil, o longa-metragem traz - por meio de diferentes depoimentos - uma análise não apenas do crime em si, mas também dos papéis desempenhados pela polícia, pela justiça criminal e pela mídia.

No dia 29 de março de 2008, Isabella de Oliveira Nardoni foi atirada pela janela de um apartamento no sexto andar de um edifício paulistano. A menina de cinco anos, que morreu no hospital, tinha marcas no pescoço, lesão na testa e sinais de asfixia.

Seu pai, Alexandre Nardoni, e sua madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram condenados por homicídio dois anos depois, mas até hoje seguem negando a autoria do crime.

Alexandre, que recebeu a sentença de 31 anos de prisão, cumpre a pena em regime semiaberto desde 2019. Já Anna, condenada a 26 anos de reclusão, deixou a cadeia em junho deste ano e segue em regime aberto.

Nenhum dos dois, assim como seus respectivos familiares, aceitou dar entrevistas ao documentário. Apenas o advogado de defesa de ambos foi ouvido, persistindo na tese de que seus clientes seriam vítimas de uma injustiça.
 

Por outro lado, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, e seus avós maternos, puderam compartilhar com o público suas perspectivas da história, revelando detalhes de como vivenciaram os dias mais difíceis de suas vidas.

Vêm deles os depoimentos mais carregados de emoção do documentário, que, em outros momentos, foca sua atenção para os aspectos mais técnicos da investigação e do processo de julgamento dos acusados.

Produzido pela Kromaki para a Netflix, o filme tem direção de Micael Langer e Claudio Manoel. Durante o seu intenso trabalho de pesquisa, a equipe teve acesso a mais de 5 mil fotos da mídia e do acervo da própria família de Isabella.

Foram gravadas 118 horas de entrevistas e 63 horas de material de arquivo audiovisual foram examinados para o trabalho.

Com a proposta de ajudar o público a entender melhor a cena do crime, a equipe recriou a planta baixa do apartamento de 92m2 do pai e da madrasta de Isabella. O cenário foi reconstituído com fidelidade em um estúdio em São Paulo e sua produção demandou três semanas de trabalho.

Os livros da criminóloga Ilana Casoy (“A Prova é a Testemunha” e “Casos de Família - Arquivos Richthofen e Arquivos Nardoni”) e do jornalista Rogério Pagnan (“O Pior dos Crimes - A História do Assassinato de Isabella Nardoni) serviram como base para o roteiro.

Ao dar voz a peritos, delegados, jornalistas e advogados que estiveram envolvidos ou acompanharam de perto o andamento das investigações, o filme consegue confrontar opiniões divergentes sobre o caso. Possíveis fragilidades do processo são apontadas, sem contudo, abalar a convicção da culpa do casal Nardoni no assassinato.

A espetacularização do caso fica evidente através dos trechos selecionados de programas de TV da época, que faziam uma cobertura quase que em tempo real de cada passo das investigações. Esse movimento inflamou a população e acabou sendo incorporado também pelo judiciário.

No dia do julgamento, uma caixa de som foi colocada do lado de fora do tribunal, para que uma multidão munida de cartazes acompanhasse a leitura do veredicto. São detalhes como esse, capazes de suscitar reflexões mais profundas sobre a sociedade, que livram “Isabella: o Caso Nardoni” de ser apenas a recapitulação de um crime já amplamente midiatizado.