RIO DE JANEIRO

Assassinato de professora no Rio: a cronologia de um crime envolvendo mãe e filha adolescente

Vitória Romana Graça, de 26 anos, foi morta na madrugada do dia 11. O corpo foi encontrado em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Jovem de 14 anos apreendida é uma das suspeitas

A professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, foi morta; seu corpo foi encontrado carbonizado - Reprodução/Facebook

Em poucas horas a família da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, teve que lidar com a suspeita de desaparecimento, de sequestro, com pedidos de extorsão e com a comprovação da morte de uma forma brutal, com o corpo carbonizado.

O assassinato, no último dia 11, ocorreu na Comunidade Cavalo de Aço, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio. Uma jovem, de 14 anos, com quem a professora teve um relacionamento, foi apreendida e a mãe dela, Paula Cestódio Vasconcelo, de 33 anos, presa, ambas suspeitas pelos crimes.

A polícia ainda não sabe a motivação. Abaixo, a cronologia com os principais pontos do que se sabe até agora sobre o caso.

Início e fim do relacionamento com jovem
Segundo a adolescente, ela e Vitória se conheceram pelo Instagram e ficaram juntas por quatro meses. Em depoimento à polícia após o crime, a jovem, de 14 anos, disse que o relacionamento chegou ao fim por conta de sua idade.

Já uma testemunha, amigo da professora, contou que o fim da relação se deu por conta de discordâncias financeiras. Segundo o relato, Vitória ajudava a namorada, inclusive com compra de cestas básicas e itens básicos, o que se manteve durante um tempo após o término. Vitória teria dito ao amigo que decidiu se afastar da menina por achar que a mãe dela estava se aproveitando do namoro para se beneficiar financeiramente.

Dia do sequestro
No dia 10 de agosto, por volta das 14h, a professora recebeu a visita de Paula e do irmão dela na Escola municipal Oscar Thompson, em Santíssimo, onde trabalhava. No local, segundo testemunhas, a mulher teria dito à Vitória que a filha não havia aceitado bem o fim do namoro e pediu que as duas conversassem “fora do seu local de trabalho”.

Por volta das 21h, Vitória visitou a própria mãe, num bairro também na Zona Oeste de Rio, que iria ao encontro de Paula. Depois disso, ela não foi mais vista.
 

Pedido de resgate
Ainda no dia 10, várias transferências foram feitas pelo telefone de Vitória para o irmão de Paula. Ele ainda não foi encontrado pela polícia.

Na madrugada do dia 11, por volta das 5h, a mãe de Vitória recebeu uma ligação da filha. Ao telefone, e "aos prantos", ela disse que tinha sido sequestrada e não sabia onde estava. Vitória pediu R$ 2 mil para pagar o resgate. A quantia seria entregue por um motoboy, que buscaria o cartão do pai da vítima na casa da família.

Corpo encontrado
Na manhã do dia 11, por volta das 7h15, a polícia foi chamada para uma ocorrência na Praça Damasco, em Senador Camará, na Zona Oeste. No chamado, já foi informado que se trataria de uma vítima carbonizada, até então sem identificação. O corpo foi encontrado pelas equipes por volta das 8h no local.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que a professora ainda estava com vida quando teve seu corpo queimado. No exame foi apontado aspiração de fuligem. Ferragens e tecidos encontrados no local do crime levam a polícia a acreditar que a vítima estava numa mala quando os criminosos atearam fogo.

Sem saber da morte da filha, a mãe de Vitória foi à 35ª DP (Campo Grande) registrar o desaparecimento da professora.

Suspeitas presas
No mesmo dia, um vizinho da mãe da vítima auxiliava nas buscas pela professora em Senador Camará quando ouviu que duas moradoras foram expulsas por "sequestrar uma pessoa". As informações foram contadas para agentes que participavam das buscas, quando passavam pelo local, por volta das 15h, em uma viatura. Mãe e filha foram encontradas às margens da Avenida Santa Cruz naquela tarde e levadas para a delegacia.

Lá, as duas prestaram depoimento e se tornaram as principais suspeitas pelos crimes de sequestro e assassinato. Paula — que já tinha um mandado em aberto por roubo qualificado — foi presa, e a filha dela, de 14 anos, apreendida. Dois dias depois, Paula teve a prisão em flagrante convertida em preventiva após audiência de custódia. À polícia, a adolescente disse não ter envolvimento com o crime.