Futebol Internacional

Rodrygo: "Mostrei muito pouco do que posso dar"

Rodrygo Goes concedeu uma extensa entrevista ao Globo Esporte, na qual avaliou sua carreira e assumiu o compromisso de liderar o Real Madrid

Rodrygo, Real Madrid - Cristina Quicler / AFP

Iniciando sua quinta temporada no clube, o atacante se destaca como um dos principais protagonistas no setor ofensivo da equipe comandada por Carlo Ancelotti.

Rodrygo abraça a responsabilidade e busca alcançar um papel mais proeminente, conforme compartilha em uma abrangente conversa com o Globo Esporte.

Sua liderança em Madrid

"A cada dia sinto que sou mais protagonista e tenho mostrado muito pouco do que posso dar. A cada temporada terei mais pressão e mais destaque, é o que quero e o que busco. Entendo como importante é jogar no maior clube do mundo. As pessoas esperam algo diferente de mim. Sei o quanto preciso me preparar para estar bem e responder ao que esperam de mim."

Ancelotti treinador?

"Não sei de nada. Pode ser uma temporada difícil. Quando perdemos um jogo, eles dizem que o treinador está pensando em outra coisa. Sabemos que não é isso, mas é o que eles vão dizer. É bom para ele deixar claro que nada acontecerá depois de seu contrato. Já brincamos muitas vezes com Ancelotti sobre ele ser o treinador. Não sei o que ele pensa, mas seu foco está no Real Madrid. Ele vai aproveitar a temporada e depois não sei. Agora tem o Diniz e não sei o que vai acontecer a seguir, mas vou aproveitar Ancelotti em Madrid e Diniz no Brasil. Ancelotti tem uma responsabilidade muito grande em Madrid e estamos muito entusiasmados sobre a época e os novos reforços"

Diferenças entre Diniz e Ancelotti

"São estilos um pouco diferentes. Ancelotti é mais direto, sempre avançado. Não posso falar muito do Diniz, já joguei contra as equipes dele, mas não posso falar de como ele é no vestiário.

Ancelotti como treinador

"Ele é um fenômeno. Não ganhou tudo, ganhou à toa. Ele lida com os fundamentos, como você vai se posicionar. Temos uma boa tática e acho que não devemos trabalhar muito porque já temos o melhor do mundo. Não dá para vencê-lo, ensine ao Modric que ele tem que fazer isso ou aquilo. Mas trabalhamos bem a parte tática e com qualidade fica mais fácil”.

A gestão do seu vestiário

"Ele administra muito bem o vestiário, e esse é o segredo do nosso time, até mais do que a parte tática. Ele é bom nisso, muita gente fala e podemos constatar. Ele está sempre conversando com um, com o outro, na nossa meio Isso é muito importante, às vezes a gente tem a imagem de um treinador fechado, distante, sem conversar com os jogadores... Acho que isso faz diferença no trabalho.

Sua relação com Florentino Pérez

“Ele tem muito respeito por nós, isso transparece no jeito de falar. Foi um dos caras que mais me surpreendeu por toda a força que tem e pela forma como trata todo mundo. Sempre atencioso e gentil com todos. Quando você conhece e conversa, você vê que é um cara diferente.

Ódio ao Madrid

“Há muita pressão da imprensa sobre nós. É muito grande. Os jornalistas que nos apoiam nos apoiam muito e os que não estão atrapalhando o dia todo. Toda a Espanha e toda a Europa se unem contra o Madrid. Sentimos que Madrid é um pouco odiado. Temos nossa torcida, mas pra quem não torce não é um clube qualquer, é odiado”.

Relação com Vinícius Jr.

"Nos conhecemos nas pedreiras e éramos amigos. Buscamos o melhor para o Real e jogamos em posições diferentes, ele na esquerda e eu na direita. É uma coisa que a gente nem fala, é uma brincadeira que toda vez que a gente faz entrevista, eles perguntam do outro. Por um lado é chato e por outro é bom ser sempre lembrado".

Vinícius e o racismo

"Eu o apoio nessa causa. Passei um tempo com ele e vi como ele estava triste, como seus dias eram difíceis. Antes conversávamos e ninguém agia. Agora o mundo se uniu e tem sido muito bonito. Ser Honestamente, não vai acabar, mas pelo menos podemos tentar reduzi-lo e tomar providências nos casos que surgirem."

o jogo do Mestalla

"Tudo aconteceu muito rápido. Eu não sabia o que tinha acontecido, perguntei muito e me disseram que um menino chamou o Vinícius de macaco. Não era só um menino, mas eu não sei falar. Tenho que ser cuidado porque eu disse que eram todos os torcedores e tive que me desculpar. Temos que ter coragem para lutar contra isso."

Valorizaram a saída de campo?

"Foi tudo muito rápido, foi um choque para nós, não sabíamos que decisão tomar. Depois, ao ver os vídeos, pensámos que podíamos ter saído e o árbitro apitou o final, mas na altura não pensamos nisso, foi uma confusão e não sabíamos o que fazer".

A sua escolha entre Madrid ou Barça

"Com o Barça já estava tudo feito, só faltava assinar, e perguntei ao meu pai: 'Nada do Madrid?' Foram propostas de muitos times e nada do Real. Pedi para esperar até o fim de semana porque saberia que ia sair no jogo contra o Vitória e o Madrid me veria. Meu pai ficou bravo: 'Você está brincando comigo? Temos uma oferta dessas do Barcelona em cima da mesa. Você vai jogar com Messi e quer que ele espere por você. Você está brincando?" Ele foi e esperou, porque o Barcelona também teve problema com o Santos e não conseguiu assinar. No jogo contra o Vitória, fiz três gols, dei uma assistência, ganhei".