Hacker Walter Delgatti chega à PF para prestar depoimento
Investigação apura suspeita de ação para tentar invadir urnas eletrônicas
O hacker Walter Delgatti Neto chegou na tarde desta quarta-feira (16) à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento na investigação que apura a suspeita de tentativa de fraudar a eleição por meio da invasão das urnas eletrônicas. Segundo a defesa, ele deverá ficar em silêncio e prestar esclarecimentos apenas na oitiva de quinta-feira, na CPI do 8 de Janeiro.
Delgatti foi alvo de um mandado de prisão preventiva por suspeitas de tentativa de fraude nas eleições. Ele disse à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe perguntou se era possível invadir a urna eletrônica. O questionamento teria sido feito pelo então presidente no Palácio do Alvorada em um encontro ocorrido em agosto de 2022, conforme o depoimento de Delgatti. Bolsonaro nega o teor da conversa.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo da mesma operação, que manteve reuniões com o hacker. Endereços ligados à parlamentar foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Ele complementou ainda que Bolsonaro não teve relação com o acesso ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quando um mandado de prisão falso em nome do ministro Alexandre de Moraes foi incluído no banco de dados. Este despacho fraudulento acabou motivando a operação 4FA, deflagrada hoje.
"Que apenas pode afirmar que a Deputada Carla Zambelli esteve envolvida nos atos do declarante, sendo que o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex-Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante", diz trecho do inquérito policial. A reportagem citada foi publicada pela revista "VEJA" em agosto de 2022 e mostra fotos do hacker indo ao Palácio da Alvorada.
O hacker se notabilizou em 2019, após ser apontado pela PF como um dos responsáveis por invadir o conteúdo de mensagens dos celulares de autoridades dos Três Poderes. Suplente da CPI, o ex-juiz responsável pela Lava Jato e senador Sergio Moro (União-PR), além de procuradores da força-tarefa da operação, estavam entre aqueles que tiveram suas mensagens divulgadas. O episódio ficou conhecido como "Vaza Jato" e contribuiu para abalar a credibilidade da operação.