Preocupação na ONU sobre o risco de escalada da violência no Iêmen
Representantes de países ocidentais expressaram preocupação nesta quarta-feira (16)
Representantes da ONU e de países ocidentais expressaram preocupação nesta quarta-feira (16) no Conselho de Segurança sobre o risco de uma escalada da violência no Iêmen, devastado pela crise humanitária e econômica após mais de sete anos de conflito.
O enviado da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, denunciou em sua intervenção no Conselho de Segurança as "ameaças públicas de um retorno à guerra" neste país, o mais pobre da península arábica, onde segundo a organização multilateral, cerca de 14 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome.
"Essa retórica não é a mais propícia para manter um clima frutífero de mediação", disse o diplomata por videoconferência aos 15 membros do principal órgão da ONU e representantes do governo iemenita e da Arábia Saudita.
O conflito entre os rebeldes houthis, próximos ao Irã, e o governo, apoiado desde 2015 por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, destruiu a economia do país e causou uma das piores crises humanitárias do planeta, com centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados.
Os especialistas da ONU acusaram todas as partes no conflito, incluindo a Arábia Saudita, de perpetrar crimes de guerra.
Após a trégua negociada pela ONU em abril de 2022 e apesar de ter expirado em outubro passado, a violência diminuiu consideravelmente.
Grundberg instou "as partes a evitar toda retórica violenta e a seguir os caminhos do diálogo estabelecidos desde a trégua através de uma comissão de coordenação militar para reduzir os incidentes" armados.
No entanto, a embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward "exortou" os rebeldes houthis a "encerrar os ataques e ameaças contínuas para impedir as exportações de petróleo das regiões controladas pelo governo, que afetam gravemente a economia do Iêmen".
Por sua vez, os Estados Unidos, através de sua embaixadora na ONU, Linda Thomas-Greenfield, saudaram a decisão da Arábia Saudita, anunciada em 1º de agosto, de conceder US$ 1,2 bilhão (R$ 6 bilhões, na cotação atual) ao governo iemenita, reconhecido internacionalmente.
"Mas é necessário mais atenção e apoio financeiro para enfrentar a crise econômica e humanitária do Iêmen", disse.
Após condenar "os ataques insensatos dos houthis contra o transporte marítimo que agravam a crise humanitária", Thomas-Greenfield defendeu "uma solução política duradoura que inclua todas as partes para aliviar o sofrimento da população iemenita".