RIO DE JANEIRO

Suspeitos de matar professora invadiram casa da vítima e furtaram roupa, panelas e botijão de gás

Edson Alves Viana Junior, um dos suspeitos de envolvimento no sequestro e na morte da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, contou à polícia que o crime teria sido motivado por questões financeiras

A professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, foi morta; seu corpo foi encontrado carbonizado - Reprodução/Facebook

Edson Alves Viana Junior, um dos suspeitos de envolvimento no sequestro e na morte da professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, prestou depoimento na 35ª DP e contou à polícia que antes de a vítima ser assassinada, Paula Custódio Vasconcelos — presa em flagrante no último sábado pelo crime —, fez compras em uma mercearia com o dinheiro da vítima.

Além de extorquir dinheiro da professora, a suspeita ainda roubou alguns pertences da casa da vítima, incluindo um botijão de gás. Segundo o depoimento do irmão, Paula não aceitou o fato de a professora ter parado de ajudar financeiramente a ex-namorada, após o rompimento com a adolescente. E que Paula, mãe da adolescente, disse que queria levar mais alguma vantagem financeira.

Enquanto a professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, era mantida amarrada com fitas adesivas a uma cadeira, a principal suspeita do crime, Paula Custódio Vasconcelos, ligava para a mãe da vítima e pedia mais dinheiro. Depois de conseguirem as quantias, Edson e Paula decidiram matar a professora. Segundo o suspeito, eles amarraram o pescoço dela com uma corda e puxaram durante 30 minutos. A ex-namorada observou a ação. Depois, com dúvidas se ela estava morta, abriram o olho da vítima e jogaram álcool.

No dia do crime, 10 de agosto, Paula foi à escola onde Vitória trabalhava para questioná-la sobre o porquê dela ter sido bloqueada nos perfis da professora, além de pedir mais detalhes sobre o término entre ela e a sua filha. As duas conversaram por cerca de 15 minutos e decidiram, depois de insistência de Paula, encontrarem-se na residência da mulher, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio.
 

Edson acompanhou a irmã até a escola e voltou com ela para a casa, onde ficaram esperando Vitória, que chegou às 21h daquele dia. Em depoimento à polícia, ele contou que Paula estava decidida a matar a professora, premeditando o crime antes da chegada dela. O homem afirmou que a mulher teria mostrado uma mala e dito que ela seria usada para "despachar a professora".

Assim que Vitória entrou na casa, Paula a teria imobilizado e, com a ajuda de Edson e da filha, amarrou a professora com fitas adesivas em uma cadeira. Ali, iniciaram as extorsões. À polícia, o suspeito disse que: "Vitória, chorando a todo tempo, dizia que iria dar o que eles quisessem, que não era para fazer nada de mal a ela".

Apesar da contribuição da professora, os suspeitos, depois de enfocá-la, colocaram-a numa mala e atearam fogo em seguida. De acordo com o laudo cadavérico, Vitória morreu por inalação de fumaça e seu corpo foi carbonizado.

Corpo encontrado
Na manhã do dia 11, por volta das 7h15, a polícia foi acionada para uma ocorrência na Praça Damasco, em Senador Camará, na Zona Oeste. No chamado, já foi informado que se trataria de uma vítima carbonizada, até então sem identificação. O corpo foi encontrado pelas equipes por volta das 8h no local.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que a professora ainda estava com vida quando teve seu corpo queimado. No exame foi apontado aspiração de fuligem. Ferragens e tecidos encontrados no local do crime levam a polícia a acreditar que a vítima estava numa mala quando os criminosos atearam fogo.

Sem saber da morte da filha, a mãe de Vitória foi à 35ª DP (Campo Grande) registrar o desaparecimento da professora.

Suspeitas presas
No mesmo dia, um vizinho da mãe da vítima auxiliava nas buscas pela professora em Senador Camará quando ouviu que duas moradoras foram expulsas por "sequestrar uma pessoa". As informações foram contadas para agentes que participavam das buscas, quando passavam pelo local, por volta das 15h, em uma viatura. Mãe e filha foram encontradas às margens da Avenida Santa Cruz naquela tarde e levadas para a delegacia.

Lá, as duas prestaram depoimento e se tornaram as principais suspeitas pelos crimes de sequestro e assassinato. Paula — que já tinha um mandado em aberto por roubo qualificado — foi presa, e a filha dela, de 14 anos, apreendida. Dois dias depois, Paula teve a prisão em flagrante convertida em preventiva após audiência de custódia. À polícia, a adolescente disse não ter envolvimento com o crime.