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ONU: violência das gangues deixa mais de 2.400 mortos no Haiti desde o início do ano

Sem eleições desde 2016, país enfrenta há vários anos uma grave crise humanitária, econômica e política

Violência no Haiti - Richard Pierrin/AFP

A violência das gangues no Haiti provocou mais de 2.400 mortes desde o início do ano, incluindo centenas de mortos em linchamentos por moradores e grupos de autodefesa, informou a ONU nesta sexta-feira (18).

"Entre 1º de janeiro e 15 de agosto deste ano, ao menos 2.439 pessoas morreram e 902 ficaram feridas", declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em uma entrevista coletiva em Genebra.

Como resposta à violência crescente das gangues e à falta generalizada de segurança, o país registrou o aumento dos movimentos de "justiça popular" ou grupos de autodefesa.

"De 24 de abril até meados de agosto, mais de 350 pessoas foram linchadas pela população local e grupos de autodefesa", afirmou Shamdasani, que citou 310 supostos membros de gangues, um policial e 46 pessoas que participaram dos incidentes.

A onda de violência aumentou entre 11 e 15 de agosto.

Diante da situação, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu a adoção de medidas urgentes para o envio de uma força multinacional que não incluía a ONU e que ajudava as forças de segurança haitianas.

"Os direitos humanos do povo haitiano devem ser protegidos. O sofrimento deve ser reduzido", afirmou Türk, que visitou o país caribenho em fevereiro.

O Haiti enfrenta há vários anos uma grave crise humanitária, econômica e política. O país não organiza eleições desde 2016.

A situação favorece o surgimento de gangues, que controlam quase 80% do capital, Porto Príncipe, onde os crimes violentos são frequentes.