Sem casos de novas variantes do vírus da Covid monitoradas pela OMS, Pernambuco mantém vigilância
Novas cepas, com várias mutações, geram alerta em países da Europa. Brasil notificou caso da Eris
Pernambuco não registrou, até o momento, nenhum caso das sublinhagens EG.5/Eris e BA.6/BA.2.86 do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19. A informação foi confirmada à Folha de Pernambuco pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). O estado de São Paulo identificou o primeiro caso brasileiro da variante, que se tornou, recentemente, dominante nos Estados Unidos e levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificar a sua existência como "de interesse".
O aumento de casos em alguns países levou cientistas a alertar para a recomendação da volta do uso de máscaras. Em Portugal, por exemplo, o número de infectados chegou a triplicar, na última semana. Apesar da ausência de notificações, Pernambuco segue monitorando o cenário epidemiológico, segundo a Secretaria de Saúde.
A SES-PE reitera que, embora as novas linhagens do Sars-CoV-2 não tenham sido detectadas no Estado, o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE) permanece empreendendo esforços para a contínua vigilância genômica.
"[O Lacen-PE] notificará qualquer introdução dessa ou de outras variantes no Estado. Essa vigilância genômica vem sendo realizada de forma intermitente, com o apoio do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE), onde semanalmente são enviadas amostras positivas para Sars-CoV-2, que são processadas para o sequenciamento genômico e identificação de linhagens circulantes", explicou a pasta estadual.
Vacinação e protocolos
A SES-PE ainda afirma que, independentemente da não detecção das variantes, a pasta "recomenda permanentemente" a vacinação da população. Para isso, doses são enviadas mensalmente para todos os municípios do Estado.
"Reforçamos a necessidade de manter o esquema completo, com no mínimo duas doses de vacina monovalente e a dose de reforço com a vacina bivalente, que garante proteção contra as variantes BA.4 e BA.5", explica a secretaria.
Para outubro, está previsto uma campanha de multivacinação com ações voltadas para todas as cidades pernambucanas.
Também é importante o uso da máscara sempre que exista risco de contaminação e transmissão da doença e medidas não farmacológicas de autocuidado com lavagem das mãos, uso de álcool 70% e distanciamento social.
"Os protocolos de manejo clínico e testagem de casos suspeitos de Covid-19 continuam vigentes. O Estado de Pernambuco exerce monitoramento constante da incidência da doença e caso exista alguma tendência de mudança no padrão epidemiológico os protocolos estarão sujeitos à adequação, sempre considerando as orientações do Ministério da Saúde", alega a SES-PE.
Outras ações de intensificação da vacinação estabelecidas incluem o Dia M de vacinação dentro das escolas, a campanha "Volta às aulas com vacinação" a partir de agosto para atualização de vacinas contra a Covid-19 e outras doenças e uma campanha de mídia para reforçar e estimular a atualização da caderneta de vacina.
Aumento de casos no mundo
A OMS informou, na última segunda-feira (14) que foram registrados cerca de 1,5 milhão de novos casos de Covid-19 em todo o mundo, entre 10 de julho e 6 de agosto, um aumento de 80% em relação ao período anterior. As mortes, por outro lado, tiveram uma queda de 57%.
O aumento tem relação com a nova variante, que até então tinha sido confirmada em 51 países. Essa variante apresenta maior capacidade de transmissão e escape imune, o que pode fazer com que passe a dominar o cenário epidemiológico global. Apesar dessas características, a OMS classificou a EG.5 apenas como variante de interesse e de baixo risco para a saúde pública em nível global, porque ela não trouxe mudanças no padrão de gravidade de doença (hospitalização e óbitos).
Os dados mostram que, enquanto diversos países registraram queda de novos casos e de óbitos por covid-19, o leste da Ásia e a Oceania anotaram aumento de novas infecções em meio a uma redução nos óbitos.
Apesar da confirmação da nova variante no Brasil, o Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), informou que o cenário no Brasil é de estabilização ou queda dos casos de síndrome respiratória aguda grave causados pela Covid-19.
O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, recomenda que os estados devem manter os fluxos de coleta e envio de amostras para que a vigilância genômica sobre o Sars-CoV-2 possa ocorrer em todo o território nacional.
"A situação atual ainda é de certa tranquilidade, mas isso não muda o fato de que a população deve estar em dia com a vacinação para covid. Os dados continuam mostrando que a vacina oferece uma proteção muito boa, especialmente para as formas graves da enfermidade", explica Gomes.
Onde o uso de máscara é orientado pela SES-PE?
A Secretaria Estadual de Saúde orienta que o uso de máscaras deve ser realizado nas seguintes situações:
· Pacientes com sintomas respiratórios ou positivos para Covid-19 e seus acompanhantes;
· Pacientes que tiveram contato próximo com caso confirmado de Covid-19, durante o seu período de transmissibilidade, nos últimos 10 dias;
· Profissionais que estão na triagem de pacientes, pois entrarão em contato com pacientes que ainda não possuem uma definição de suspeita diagnóstica;
· Profissionais do serviço de saúde, visitantes, acompanhantes, etc, em áreas de internação de pacientes (incluindo enfermarias, quartos, corredores, etc, dessas áreas);
· Quando houver indicação regular de uso de máscara facial como EPI na implementação de medidas de precaução (padrão, gotícula ou aerossol), que pode ocorrer em atendimentos realizados na rotina de qualquer área dentro do serviço de saúde.
Quando se trata do uso de máscaras em serviços/setores/unidades de saúde, a Nota Técnica Nº 11/2023 torna obrigatório o uso nas seguintes situações ou públicos:
· Pacientes que apresentem quadro clínico de síndrome gripal e ou síndrome respiratória aguda grave, independente de etiologia;
· Caso(s) confirmado(s) com início dos sintomas nos últimos 10 dias, mesmo que assintomático, de Sars-cov2, influenza ou outra doença respiratória viral transmissível e seus contatos próximos;
· Trabalhadores de saúde, pacientes e/ou outros indivíduos que trabalham ou circulam nas áreas de triagem, internação ou manejo clínico/ ambulatorial de pacientes com doenças infecciosas (incluindo enfermarias, quartos, corredores etc.);
· Trabalhadores de saúde, pacientes e/ou outros indivíduos que trabalham ou circulam onde há pacientes com um perfil de maior de susceptibilidade tais como: imunossuprimidos, idosos, transplantados, pacientes oncológicos, onco-hematológicos, gestantes, neonatos ou em serviços de diálise, emergência e cirúrgicos, ou similares;
Obs 1: O uso de máscaras se mantém obrigatório nos setores das unidades e serviços de saúde onde, este uso já é compulsório devido à previsão legal, em função de diretrizes internas do serviço ou exigências da classificação do nível de biossegurança.
Obs 2: Todos os serviços de saúde devem manter e fortalecer o rigor na orientação para pacientes, acompanhantes e trabalhadores da saúde sobre a higiene das mãos com água e sabonete líquido e ou com preparação alcoólica 70%, bem como demais práticas de etiqueta respiratória.