Justiça russa decreta dissolução do Centro Sakharov de direitos humanos
Tribunal alegou que a associação, que leva o nome em homenagem ao Prêmio Nobel da Paz Andrei Sakharov, organizou conferências e exposições de forma ilegal
Um tribunal municipal de Moscou ordenou, nesta sexta-feira (18), a dissolução do Centro Sakharov, um dos últimos pilares da defesa dos direitos humanos na Rússia, em um contexto de repressão de vozes críticas desde a ofensiva na Ucrânia.
Em um comunicado, o tribunal alegou que a associação, que leva o nome em homenagem ao Prêmio Nobel da Paz Andrei Sakharov, organizou conferências e exposições de forma ilegal, fora de sua "zona de atividade" regional, estipulada em seus estatutos.
Nesta sexta, a Justiça russa também enviou o copresidente de uma importante ONG de monitoramento eleitoral para prisão preventiva, sob a acusação de envolvimento nas atividades de uma "organização indesejável".
Grigori Melkoniants, copresidente da organização Golos (Vozes, em português), foi detido por sua relação com a Rede Europeia de Organizações de Observação Eleitoral, considerada "indesejável" por Moscou, e permanecerá detido pelo menos até 17 de outubro à espera de julgamento.
Fundado em 1996, o centro organizava debates e eventos culturais e também abrigava um museu sobre os crimes soviéticos. Em abril deste ano, a organização foi obrigada a deixar sua sede histórica em Moscou.
Nesse, milhares de pessoas velaram os restos mortais do opositor russo Boris Nemtsov, assassinado em 2015.
Em abril, o Ministério russo da Justiça iniciou um processo de "verificação" desta associação, que desde 2014 era classificada como "agente estrangeiro".
Pelo menos outras duas associações de opinião crítica foram dissolvidas por operarem fora de sua área de atuação.
Em janeiro, o mesmo tribunal ordenou o fechamento da ONG Grupo Helsinque, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos na Rússia. Em abril, o tribunal determinou a dissolução do Centro Sova, especializado no estudo do racismo e da xenofobia.