BRASIL

Rui Costa começará por São Paulo agenda de viagens para divulgar o PAC

Planejamento desenhado pela Casa Civil prevê pelo menos três dias de viagens por semana

O ministro da Casa Civil, Rui Costa - José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai começar, nesta semana, uma agenda de viagens para divulgar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ideia, construída ao longo da última semana, é que o governo faça lançamentos locais e foque no detalhamento das obras e do cronograma para cada estado. A primeira parada será em São Paulo, nos dias 23 e 24.

O planejamento desenhado pela Casa Civil prevê pelo menos três dias de viagens por semana. Costa será acompanhado por outros colegas de esplanada e em algumas ocasiões pelo próprio presidente. A previsão inicial é que Lula esteja presente no Piauí e em Minas.

Lula também afirmou durante sua live semanal que vai viajar para visitar obras do programa.

Depois de São Paulo, o PAC deve passar pelo Piauí, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e pelo Paraná. A ideia é que o modelo dos eventos seja adaptado para as necessidades e características de cada estado. Em São Paulo, por exemplo, está previsto um encontro fechado com empresários.

— Começaremos na semana que vem por São Paulo. Ontem eu já fiz uma reunião para preparar esse roteiro, e em algumas agendas o presidente Lula participará. Em outras, faremos sozinhos com equipes de ministros [..] queremos divulgar os detalhes das obras, o cronograma de cada investimento que vai acontecer nos estados — afirmou Rui Costa em entrevista na última semana.

O PAC foi lançado na última semana, durante evento no Theatro Municial do Rio de Janeiro. Apesar do convite do governo federal, governadores de oposição acabaram faltando ao evento, entre eles, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o de Minas Gerais, Romeu Zema.

Tarcísio enfrenta um período de desconfiança da sua base mais à direita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No primeiro semestre, o governador chegou a ser atacado após se encontrar com o presidente Lula, em Brasília.

Filiado ao Republicanos, o partido também já está confirmado na reforma ministerial e o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) fará parte da esplanada de Lula.

A aproximação da legenda ao governo, que tenta ampliar sua base de apoio no Congresso Nacional, provocou mais um ponto de desgaste envolvendo Tarcísio. Apesar de o presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), reiterar que o partido continuará independente, Tarcísio ameaça deixar a sigla caso seus correligionários ingressem na base do petista.

Questionado, o governo de São Paulo afirmou que Tarcísio mantém diálogo com todas as esferas de poder, incluindo o governo federal, porque “entende que os interesses do Estado estão acima de questões políticas”. O governo afirma ainda que ele “estará presente em eventos que sejam importantes para atrair investimentos para São Paulo”.

O deputado Lucas Bove (PL-SP) afirmou ao Globo que, apesar de achar que o governo não poderia recusar os investimentos do novo PAC, não seria “razoável” que o governador participe de eventos, descritos como “majoritariamente políticos”.

— Em alguma medida, sem dúvida (terá críticas). O que precisa ser analisado é qual vai ser o tem, o que ele adotar no discurso, qual o tipo de evento. Mas invariavelmente ele vai ser criticado. Se vai ser muito ou pouco, depende de como a coisa vai se desdobrar.

Questionado se as diferenças políticas com Tarcísio podem atrapalhar o desenvolvimento do PAC, Rui Costa afirmou que o governo federal respeita o pacto federativo.

— O que diferencia fortemente o governo Lula do governo anterior é o respeito ao pacto federativo. O respeito aos governadores e governadoras, aos prefeitos e prefeitas que foram eleitos democraticamente. Portanto, o presidente Lula determinou que não olhasse a filiação partidária, nem de prefeito nem de governador na hora de definir as obras — afirmou em entrevista na última semana.

No Palácio do Planalto, encontros com governadores de oposição não geram preocupações. Cenas como as vistas no Rio de Janeiro, onde políticos de oposição, como o governador Cláudio Castro (PL-RJ), foram vaiados, são consideradas atípicas. A avaliação é que Lula já tem dialogado com esses governadores e que todos foram atendidos pelo PAC.

Em São Paulo, as obras do programa são o trem Intercidades entre São Paulo e Campinas – já com edital de leilão publicado -, a expansão da Linha-2 Verde do Metrô, entre a Penha e a Dutra, e a construção do túnel para uma ligação seca entre Santos e Guarujá. Ao todo, serão R$ 179,6 bilhões investidos no estado.

Em Minas, o investimento previsto é de R$ 171,9 bilhões pelo novo PAC. O governo do estado avalia que as demandas foram bem atendidas e que o diálogo tem sido positivo. Destaca, ainda, que o governador Romeu Zema esteve em evento ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin nesta semana e fez um convite público ao presidente Lula para visitar o estado.

A Casa Civil ainda quer marcar reunião com embaixadores para apresentar os projetos do PAC e conseguir ajuda na divulgação para atrair investimentos.

— Além das visitas aos estados, estamos marcando apresentação para fundos de investimento nacionais e internacionais. Vamos agendar com embaixadas aqui em Brasília e queremos apresentar também aos embaixadores essas oportunidades de investimentos para que eles nos ajudem a divulgar as oportunidades que vão ocorrer a partir de agora.