Carlos Bolsonaro se vacinou contra Covid-19 antes de viajar à Itália, mostram e-mails
Na Câmara Municipal, parlamentar foi contrário ao passaporte da vacina
O vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tomou duas doses de vacina contra a Covid-19, com a segunda aplicação em outubro de 2021. A informação consta em um certificado de vacinação enviado por e-mail a um ex-ajudante de ordens da Presidência. O documento, obtido pelo Globo, foi emitido pelo Ministério da Saúde da Itália. Naquele mesmo mês, Carlos embarcou com o pai para uma viagem oficial a Roma.
Enquanto os irmãos Eduardo e Flávio Bolsonaro anunciaram que se imunizaram, Carlos nunca tratou sobre o assunto publicamente — a não ser para criticar a obrigatoriedade da vacina. O colunista Ancelmo Gois, do Globo, contudo, revelou em setembro de 2021 que Carlos havia tomado uma dose da vacina no posto de imunização montado na Câmara Municipal do Rio.
Como vereador, Carlos chegou a apresentar um projeto de lei para acabar com o chamado "passaporte da vacina" na capital fluminense. O PL acabou sendo derrubado.
Procurada, a assessoria do parlamentar confirmou que ele tomou a vacina contra a Covid-19 pelo sistema SUS na cidade do Rio de Janeiro. Segundo o certificado, a vacina aplicada no vereador foi a da Pfizer Biontech.
Em janeiro de 2021, Carlos Bolsonaro publicou um post para rebater uma fake news de que ele havia furado a fila para tomar a vacina. "A escória não vive sem mentir e manipular! Não tomei vacina alguma!", escreveu ele, aproveitando para recomendar um remédio sem eficácia comprovada contra o coronavírus: "Invermectina quando e se um dia necessário para o tratamento adequado", publicou.
Enquanto os filhos e a mulher, Michelle Bolsonaro, tomaram a vacina contra Covid-19 durante a pandemia, o ex-presidente afirma não ter se imunizado. O seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, é investigado em um inquérito da Polícia Federal por inserir dados falsos no cartão de vacinação dele, de seus familiares e do ex-patrão. A PF suspeita que Cid e a mulher do ex-assessor não tomaram o imunizante e falsificaram o cartão de vacina para conseguir entrar nos Estados Unidos no fim do ano passado.