ÁFRICA DO SUL

Com a presença de Lula, líderes do Brics discutem aumento do bloco nesta terça-feira

Governo brasileiro passou a admitir o ingresso de outras nações, desde que mediante o cumprimento de critérios

Presidente Lula desembarca na África do Sul para cúpula dos Brics - Ricardo Stuckert / PR via AFP

A ampliação do número de membros do Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) será o ponto forte de uma reunião de líderes do bloco que acontecerá na noite desta terça-feira (22), em Johannesburgo. O aumento do tamanho do grupo vai depender de uma série de critérios a serem cumpridos pelas nações interessadas, incluindo a defesa de uma expressiva reforma das Nações Unidas.

Atualmente, dos cinco membros do Brics, três são candidatos à vaga permanente no Conselho de Segurança: Brasil, Índia e África do Sul. A Rússia já declarou apoio ao Brasil, enquanto a China não toma uma posição, sinalizando que não concorda com a ampliação. Hoje, têm status de permanente e direito a veto, Rússia, China, Reino Unido, Estados Unidos e França.

Os debates entre os membros do Brics ocorrerão dois dias antes de uma reunião do bloco com representantes de cerca de 40 países convidados, na quinta-feira. Venezuela, Argentina, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Cuba, República Democrática do Congo, Comores, Gabão, Cazaquistão e Paquistão estão entre os interessados. Vinte e três nações pediram oficialmente para entrar.

Segundo O Globo publicou na última sexta-feira, inicialmente contra ampliação do número de membros do clube de países, o governo brasileiro passou a admitir o ingresso de outras nações, desde que mediante o cumprimento de critérios. Além da questão da ONU, o pedágio para o ingresso de novos integrantes teria de incluir a aplicação de recursos no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, sigla em inglês), chamado de Banco do Brics.
 

O Brasil também sugere a criação de um segundo tipo de associação, além dos membros do grupo: aqueles que não se adequarem totalmente aos princípios estabelecidos entrariam no bloco na condição de “parceiros”. A principal diferença entre o membro e o parceiro, tal qual acontece no Mercosul, por exemplo, é o direito a voto.

Na quarta-feira, o assunto voltará a ser tratado. Haverá duas sessões do Brics, com a presença de Lula, os presidentes da China (Xi Jinping) e da África do Sul (Cyril Ramaphosa), e o primeiro-ministro da Índia (Narendra Modi). Alvo de um mandado de prisão pedido pelo Tribunal Penal Internacional, devido ao massacre de ucranianos em uma guerra que começou há mais de um ano, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participará das reuniões de forma virtual.

Outro ponto a ser abordado nas conversas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos demais integrantes do bloco é a criação de uma moeda comum, usada especificamente para transações entre os países do bloco. Lula tem criticado a forte dependência do dólar em operações internacionais.

O presidente Lula desembarcou na cidade sul-africana de Johannesburgo, na manhã de segunda-feira. Estava ao lado da primeira-dama, Janja, e da ex-presidente Dilma Rousseff, hoje à frente do Banco do Brics. Entre os poucos ministros que fazem parte da comitiva, está o titular da Fazenda, Fernando Haddad.

Nesta terça, Lula terá encontro dom representantes do Congresso Nacional Africano, depois participará do Fórum Empresarial dos Brics, reunião no Retiro de Líderes e jantar de boas-vindas oferecido pelo presidente africano.