PRESIDENTE DO PT

Gleisi critica Lira e diz que ele faz 'queda de braço' com governo no arcabouço

Presidente da Câmara já defendeu mudar trechos do arcabouço

Gleisi Hoffmann - Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e declarou que ele trava uma "queda de braço com o governo" ao resistir a confirmar as mudanças feitas pelo Senado no arcabouço fiscal e ao não apoiar uma medida provisória que trata da taxação de fundos offshore. A petista disse ainda que Lira precisa "pensar no Brasil em primeiro lugar".

"Presidente (da Câmara) Arthur Lira precisa entender que a taxação dos fundos de brasileiros nos paraísos fiscais e os aperfeiçoamentos que o Senado fez no arcabouço fiscal interessam acima de tudo ao país", disse a presidente do PT em mensagem publicada nas redes sociais.

"Não faz sentido transformar essas duas votações em queda de braço com o governo, porque todos vão sair perdendo, exceto os super-ricos que não pagam imposto e os que não suportam ver o país crescer e gerar empregos, com investimentos públicos e privados. É hora de pensar no Brasil em primeiro lugar."

A tributação dos fundos no exterior foi acrescentada na Medida Provisória que aumenta o salário mínimo. O relator da MP, deputado Merlong Solano (PT-PI), decidiu incorporar na iniciativa a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e, como forma de compensar o impacto fiscal, também incluiu a taxação dos fundos.

A iniciativa, que é considerada prioritária pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e motivou uma briga entre ele e Lira, passou por uma comissão mista com deputados e senadores e ainda precisa ser votada pelos plenários da Câmara e do Senado. A validade dela vai até a próxima segunda-feira.

Lira disse, durante jantar promovido ontem pelo site Poder360, que a forma como vai ser compensada a isenção do IR é "uma batata quente do governo" e não da Câmara. Antes da declaração de Gleisi, o secretário da Receita, Robinson Barreirinha, já havia publicado nas redes sociais um vídeo cobrando a aprovação da taxação dos fundos, mas depois apagou.

Já em relação a arcabouço fiscal, que estabelece regras para o crescimento das despesas, o governo deseja principalmente manter uma alteração feita pelo Senado no projeto, que mudou o critério de cálculo da inflação, que passou a considerar o período até dezembro, em vez dos 12 meses antes de junho.

A mudança representa um aumento na arrecadação do governo que pode chegar a R$ 40 bilhões, mas a Câmara resiste a validar a mudança feita pelos senadores.