Massa anuncia US$ 1,3 bi em empréstimos do MB e BID à Argentina
No total, são cerca de "1,3 bilhão de dólares até o final do ano em financiamento adicional" para a Argentina
O ministro da Economia argentino e candidato presidencial, Sergio Massa, anunciou, nesta terça-feira (22), US$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 bilhões, na cotação atual) em empréstimos do Banco Mundial e do BID para a Argentina, durante uma visita a Washington.
O dia começou com uma reunião com a diretora-gerente de Operações do Banco Mundial, Anna Bjerde, com quem fechou dois programas de financiamento.
Um deles, no valor de US$ 450 milhões (R$ 2,22 bilhões), é centrado na segurança alimentar, e o outro, de US$ 200 milhões (R$ 988 milhões), nas PMEs, para garantir acesso ao crédito para importação e liquidação rápida de divisas para exportação, explicou Massa em uma coletiva de imprensa no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
No BID, Massa se encontrou com o presidente da entidade, Ilan Goldfajn, em uma reunião que resultou no anúncio de fundos adicionais no valor de US$ 650 milhões (R$ 3,2 bilhões) para três propósitos: financiar uma ponte entre as províncias de Corrientes e Chaco, melhorias na represa de Salto Grande, que a Argentina compartilha com o Uruguai, e aumentar as exportações na economia do conhecimento.
No total, são cerca de "1,3 bilhão de dólares até o final do ano em financiamento adicional" para a Argentina.
Segundo o ministro, esses créditos também são "essenciais para continuar fortalecendo as reservas", que "nos últimos 21 dias acumularam 1,7 bilhão de dólares" (R$ 8,4 bilhões), mas também para "financiar projetos de desenvolvimento".
A Argentina, com uma inflação superior a 100% ao ano, enfrenta uma grave escassez de reservas internacionais em meio a uma alta demanda por dólares, moeda à qual os argentinos recorrem como refúgio diante da disparada dos preços.
Massa também se reunirá nesta terça-feira com funcionários do Departamento do Tesouro para "revisar a relação bilateral em termos comerciais para os próximos 120 dias", declarou.
Reunião com o FMI
Mas o ponto alto da viagem de Massa será na quarta-feira, quando ele se reunirá com Kristalina Georgieva, a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual seu país assinou um programa de crédito pelo qual a Argentina recebe US$ 44 bilhões (R$ 217,5 bilhões) em 30 meses, em troca do aumento das reservas internacionais do banco central e da redução do déficit fiscal pelo governo.
O ministro programou sua visita de dois dias para coincidir com a reunião do conselho do FMI, que na quarta-feira deverá aprovar o desembolso de US$ 7,5 bilhões (R$ 37 bilhões) correspondentes à quinta e sexta revisão do acordo.
À espera do pagamento, que costuma ser uma formalidade, a Argentina teve que recorrer, como fez em outras ocasiões, a alternativas para cumprir seus compromissos de dívida. Os últimos vencimentos de agosto foram honrados com um empréstimo do Catar, usando yuans de um swap cambial vigente com a China e um empréstimo-ponte da Corporação Andina de Fomento (CAF).
Dos US$ 7,5 bilhões que provavelmente serão pagos pelo FMI, a Argentina terá que repassar uma parte ao Catar, à China e à CAF, e reservar outra parte para honrar os próximos vencimentos.
Como resultado, Massa não apenas espera obter os US$ 7,5 bilhões, mas também deseja aumentar o valor e, como explicou, "revisar todo o procedimento de desembolso", pois seu país está enfrentando "talvez o ano mais trágico em termos econômicos" devido ao impacto da seca.
"Conto eleitoral"
O FMI impôs à Argentina uma desvalorização da moeda e isso "tem um impacto inflacionário" que em agosto causará "prejuízos no bolso das pessoas", afirmou o ministro, que espera que a alta de preços se modere em setembro e outubro.
Em Washington, Massa alterna suas duas funções: a de ministro e a de candidato a presidente nas eleições de outubro pelo peronismo governista.
E ele tem na mira Milei, um economista de extrema direita e ultraliberal que foi o candidato mais votado nas primárias, com propostas radicais como dolarizar a economia e eliminar o Banco Central da República Argentina (BCRA), responsável por fixar as taxas de juros e controlar a inflação.
Massa diz que os Estados Unidos estão acostumados a ver na região "o surgimento desses fenômenos antipolítica ou extrapolítica", mas "sim, eles se preocupam com a ideia de alguém prometer que vai construir a economia usando a moeda deles".
Mas "bem, eu suponho que eles devem ter tido alguma permissão ou conversa com aqueles que hoje estão oferecendo aos argentinos a dolarização para poder usar dólares na Argentina", afirmou sobre Milei, sem citá-lo diretamente.
"Entendo que isso não será apenas um conto eleitoral", acrescentou, "mas terá algum correlato de conversa com o Federal Reserve dos Estados Unidos ou com o Congresso dos Estados Unidos", lançou, em referência ao Fed, o Banco Central americano.