Acusado de fraude, fundador da FTX está sobrevivendo 'à base de pão e água' na cadeia, diz advogado
Bilionário é acusado de pelo menos oito crimes, entre eles lavagem de dinheiro e fraude eletrônica; defesa diz que falta de alimentação adequada na prisão prejudica preparação para julgamento
O co-fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, não tem conseguido se preparar de forma adequada para o julgamento sobre fraude e lavagem de dinheiro por causa da alimentação inadequada na prisão, afirmou o advogado do chefe da falida corretora de criptomoedas. Segundo a CNN, a reclamação veio no momento em que o bilionário se declarou inocente de sete novas acusações criminais pela derrocada do império das cripto.
O advogado Mark Cohen disse que a falta de comida no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn estava prejudicando as capacidades do cliente às vésperas do início do julgamento, que está marcado para começar em outubro. Bankman-Fried está "sobrevivendo à base de pão e água", disse o defensor.
A modelo brasileira Gisele Bündchen, seu ex-marido e astro do futebol americano Tom Brady, e o proprietário bilionário do New England Patriots, Robert Kraft, estão entre os investidores que devem ver suas ações da FTX, corretora de criptoativos que entrou em colapso no ano passado, virarem pó.
Brady, que ajudou a promover a bolsa cripto falida, possui mais de 1,1 milhão de ações ordinárias da FTX Trading, mostram documentos do processo de falências da plataforma digital. Bündchen tem mais de 680.000 ações da mesma entidade.
Bankman-Fried chegou aos Estados Unidos sob custódia do FBI em dezembro, após sua extradição das Bahamas por acusações de fraude ligadas ao colapso da criptomoeda, informou a mídia americana, na ocasião.
Há duas semanas, a fiança do bilionário foi revogada. O juiz responsável pelo caso afirmou que o réu tentou intimidar pelo menos duas testemunhas.
Sua casa de câmbio virtual e trading irmã, Alameda Research, entrou com pedido de falência em novembro passado, derrubando um negócio que havia sido avaliado pelo mercado em US$ 32 bilhões. Promotores federais em Nova York acusaram o empresário de 30 anos, que já foi um prodígio da criptomoeda, de enganar investidores e abusar de fundos de clientes da FTX e da Alameda Research.
O promotor federal dos EUA, Damian Williams, anunciou em dezembro que o FBI já o tinha sob custódia e o transportaria "diretamente para o Distrito Sul de Nova York".
Nas Bahamas, sede da FTX, o ministro das Relações Exteriores Frederick Mitchell havia assinado uma ordem de entrega de Bankman-Fried aos Estados Unidos sob um tratado bilateral de extradição.
O empresário renunciou ao direito de contestar a extradição, indicou o procurador-geral Ryan Piner. A decisão veio nove dias depois de ele ter sido preso em seu apartamento de luxo em Nassau, a pedido dos Estados Unidos.
Naquela ocasião, os promotores federais de Nova York anunciaram que estavam acusando o empresário de oito acusações, incluindo conspiração, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e violações da lei de financiamento eleitoral.
Bankman-Fried "estava orquestrando fraudes maciças há anos, desviando bilhões de dólares de fundos de clientes de plataformas de negociação para seu próprio ganho pessoal e para ajudar a aumentar seu império criptográfico", disseram eles, em nota.
Cinco dos oito crimes imputados a Bankman-Fried têm pena máxima de 20 anos de prisão cada. O regulador do mercado de ações dos EUA, a SEC, por sua vez, o acusou de violar as leis de segurança.
US$ 8 bilhões desviados
O promotor William indicou que duas figuras-chave neste caso — a CEO da Alameda Research, Caroline Ellison, e o co-fundador da FTX, Gary Wang — se declararam culpados de suas acusações e estão cooperando com as autoridades.
As acusações estavam "ligadas ao seu papel nas fraudes que contribuíram para o colapso da FTX", afirmou sem dar mais detalhes. Paralelamente, a SEC e a Futures Trading Commission (CFTC) anunciaram na quarta-feira a abertura de ações civis contra Ellison e Wong. As alegações reforçam as queixas envolvendo o fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, preso na semana passada e extraditado de Bahamas para os Estados Unidos.
"Elisson e Wang participavam ativamente no esquema para enganar os investidores da FTX e adotavam condutas que eram críticas para o sucesso da empresa", afirmou o órgão regulador do mercado de valor mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, em nota.
A CFTC estima que US$ 8 bilhões em fundos de clientes foram desviados pela FTX. Após sua fundação em 2019, a FTX emergiu como um player importante no mundo das criptomoedas.
Bankman-Fried apareceu nas capas de revistas de finanças e tecnologia e recebeu grandes investimentos de grandes acionistas e gestores de fundos. Ele também conviveu com políticos, tornando-se porta-voz da indústria em questões regulatórias em Washington e contribuindo com dezenas de milhões de dólares para campanhas republicanas e democratas.
Mas tudo implodiu em novembro, quando um artigo indicou que os balanços da Alameda eram mantidos principalmente em uma criptomoeda criada pela FTX, que não tinha valor independente.