Trump será fichado na prisão mas ficará em liberdade
O ex-presidente irá comparecer na penitenciária na quinta-feira (24)
Donald Trump comparecerá na quinta-feira(2) à penitenciária do condado de Fulton, conhecida por suas condições insalubres e mortes de detentos, para se entregar às autoridades da Geórgia que o acusam de interferência eleitoral. Ele não ficará preso, no entanto, porque pagará 200 mil dólares (988 mil reais na cotação atual) de fiança.
Assim como os outros 18 acusados por tentar alterar o resultado das eleições de 2020 neste estado-chave do sudeste do país, o ex-presidente tem até ao meio-dia de sexta-feira (13h em Brasília) para ser fichado. De qualquer forma, ele será libertado da prisão preventiva após o pagamento da fiança.
No momento, não se sabe se ele terá privilégios por sua condição de ex-presidente.
As normas americanas preveem a tomada das digitais e de fotografias do acusado, uma de frente e outra de perfil.
Donald Trump, que já foi acusado três vezes em diferentes processos criminais, conseguiu até agora evitar o ritual humilhante das fotografias quando se apresentou em Nova York, Flórida e Washington.
Mas o xerife do condado de Fulton, Patrick Labat, disse no início deste mês que pretendia tratar todos os réus igualmente. "Seu status não importa", disse ele.
O procedimento, a que foram submetidos na terça-feira dois dos 19 acusados, incluindo o advogado John Eastman, envolve também o registo de uma série de dados para os arquivos da administração penitenciária, como altura, peso, cor da pele e dos olhos.
Insetos e violência
Em um comunicado da sua equipe de campanha divulgado na terça-feira, Donald Trump, o claro favorito nas primárias republicanas para as eleições presidenciais de 2024, expressou indignação por ter de se apresentar em uma "prisão violenta".
Em julho, o Departamento de Justiça anunciou a abertura de uma investigação sobre as condições de detenção na prisão de Fulton, também conhecida como Rice Street.
O secretário de Justiça, Merrick Garland, justificou a decisão alegando "graves acusações de condições inseguras e insalubres, uso excessivo da força e violência nas prisões, discriminação contra presidiários com problemas de saúde mental e falta de cuidados médicos".
O procurador dos Estados Unidos, Ryan Buchanan, acrescentou, citando "recentes testemunhos", que as "celas imundas e cheias de insetos, a violência desenfreada que resulta em mortes e ferimentos e o uso excessivo da força por parte dos agentes são motivo de grande preocupação e justificam uma investigação exaustiva".
Segundo a imprensa local, a prisão abriga mais de 2.500 detentos, ou seja, mais do dobro da sua capacidade quando foi inaugurada em 1989. Quinze pessoas morreram no seu interior no ano passado e quatro desde o início de julho.
O condado de Fulton chegou recentemente a um acordo de 4 milhões de dólares (19 milhões de reais na cotação atual) para indenizar a família de um presidiário sem-teto que sofria de esquizofrenia e foi encontrado morto em uma cela infestada de piolhos e percevejos.
Uma autópsia encomendada pela família concluiu que a sua morte foi causada por "complicações devido a uma negligência grave". Demonstrou que o preso, de 35 anos, estava desnutrido e desidratado e sugeriu que a proliferação de piolhos poderia ter causado anemia.
Trump deve passar pouco tempo nesta prisão e o fará sob forte proteção.
O gabinete do xerife anunciou na segunda-feira que durante a sua estadia a área será isolada e ninguém poderá entrar ou sair dela.