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Léo Índio, ex-major e políticos do PL: quem compartilhou fake news disseminada por Bolsonaro

Ex-presidente pediu a contatos que repassassem 'ao máximo' texto que insinuava fraude na eleição

Léo índio e o então presidente Jair Bolsonaro - Reprodução/Redes sociais

No dia 26 de junho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro repassou para ao menos um empresário e alguns aliados uma mensagem que insinuava, sem provas, fraudes do Tribunal Superior Eleitoral nas eleições. Além da mensagem recebida pelo empresário e que consta no relatório da Polícia Federal, o texto foi parar em perfis nas redes sociais de pessoas próximas a Bolsonaro na mesma data.

De acordo com levantamento do professor da USP e colunista do Globo Pablo Ortellado, o ex-major e militar reformado Ailton Barros, o deputado federal Cabo Gilberto (PL-PB) e o ex-candidato ao Senado Coronel Menezes (PL-AM) dispararam a mensagem no Facebook. Além deles, Léo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, divulgou o mesmo conteúdo no Instagram.

No levantamento, Ortellado cruzou com publicações nas redes sociais o texto enviado por Bolsonaro no WhatsApp para o empresário Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa. Foram encontradas três publicações realizadas minutos após o pedido do então presidente para "repassar ao máximo" o ataque com fake news.

Preso por fraude nos cartões de vacinação e chamado de "segundo irmão" por Bolsonaro, o ex-major, militar reformado e advogado Ailton Barros foi o primeiro a publicar a mensagem no Facebook, dez minutos após o disparo do então presidente. Barros mantém na postagem a frase "repasse ao máximo".

Eleito deputado federal pela primeira vez em 2023, o bolsonarista Cabo Gilberto foi outro nome a divulgar a mensagem de ataque às instituições e ao ministro do STF Luís Roberto Barroso. O parlamentar é investigado por suposto apoio aos atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro deste ano, na praça dos Três Poderes, em Brasília.

Investigado por participação nos atos golpistas, Léo Índio repassou o mesmo texto no Instagram. O GLOBO localizou o registro da mensagem compartilhada por Índio no CrownTangle, ferramenta de monitoramento de rede da Meta, dona de Facebook e Instagram. A conta no Instagram foi usada por ele durante a campanha e não está mais no ar.

'Mandei, qual o problema?'
O ex-presidente admitiu na manhã desta quarta-feira ter enviado a contatos a mensagem que insinuava fraude ao TSE nas eleições de 2022. Após a revelação das mensagens, Bolsonaro foi intimado a depor pela Polícia Federal nas investigações sobre um grupo de empresários que discutiu um golpe de Estado por WhatsApp. Em entrevista à "Folha de S. Paulo", durante um voo de Brasília a São Paulo, ele confirmou o teor de mensagem enviada para Meyer Nigri:

Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do STF e então presidente do TSE Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso — afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro disse que não fazia parte do grupo dos empresários para o qual, de acordo com a PF, Nigri repassou a mensagem, mas a PF vai ouvi-lo sobre a difusão do conteúdo. A oitiva foi marcada para o próximo dia 31, na sede da corporação, em Brasília.

— Eu vou lá explicar — disse ele à "Folha".

Em junho do ano passado, um contato identificado como "Pr Bolsonaro 8" — que a PF afirma ser do ex-presidente — enviou a Nigri uma mensagem afirmando que Barroso cometeu "interferência" e "desserviço à democracia" por atuar contra a adoção do voto impresso. O texto ainda afirma, sem provas, que o Datafolha estaria "inflando" os números do então pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva para "dar respaldo" ao TSE.

Ao final, a mensagem dizia: "Repasse ao máximo". Nigri, então, respondeu: "Já repassei pra vários grupos!".

A PF afirma que a mensagem tinha "conteúdo não lastreado ou conhecidamente falso (fake news), atacando integrantes de instituições públicas, especialmente Ministros do STF, desacreditando o processo eleitoral brasileiro".

O trecho da conversa entre Bolsonaro e Nigri foi utilizado como justificativa pelo ministro Alexandre de Moraes para prorrogar por 60 dias uma investigação contra o empresário.

O ministro concordou com um pedido da PF e considerou que o órgão "ratificou a existência de vínculo entre ele (Nigri) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito".