Mãe de Larissa Manoela tem Instagram hackeado: "Quer saber como ganhar esse investimento?"
Postagens na rede social de Silvana Taques prometem retornos de aplicações; comentários de fotos foram bloqueados
A mãe da atriz Larissa Manoela teve o Instagram hackeado nesta quinta-feira (24). Pouco depois das 9h da manhã, mensagens alusivas a um investimento "100% seguro" foram publicadas na conta de Silvana Taques, que trava com a filha uma briga familiar sobre as finanças da artista.
A primeira publicação exibe o suposto print de uma tela de celular que mostra uma notificação de um banco digital com o crédito de R$ 9 mil na conta. "Venho indicar para vocês um investimento 100% seguro no qual me responsabilizo totalmente", diz a postagem, que pede a interessados para entrarem em contato por meio de mensagens privadas. "Não vou responder outros assuntos além do investimento".
A postagem seguinte mostra uma tabela de supostos rendimentos da aplicação. O aporte de R$ 5 mil teria retorno de R$ 12 mil, por exemplo. No feed de Silvana Taques, houve ainda a publicação de uma foto dela com o marido, Gilberto Elias. Os comentários da foto foram bloqueados.
"Quer saber como ganhar esse investimento em menos de 10 minutos ? Me chamem no direct com a seguinte frase: “QUERO INVESTIR”", afirma a publicação.
Além das desavenças financeiras com a filha, que diz ter sido controlada pelos pais durante anos e decidiu romper com eles, deixando para trás uma fortuna de R$ 18 milhões, Silvana Taques é acusada de discriminar a religião da família do noivo da filha, o ator André Frambach.
Se for entendido pela Justiça que Silvana Taques cometeu o crime de racismo religioso ao chamar a família do genro de "macumbeira", ela pode pegar de dois a cinco anos de prisão. É o que diz a lei 14.532, sancionada pelo presidente Lula em janeiro de 2023, que equipara a injúria racial ao crime de racismo e também o torna inafiançável e imprescritível.
Na última terça-feira, segundo o G1, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro, abriu um inquérito para investigar o caso, após receber a notícia-crime apresentada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio. A comissão se baseou numa conversa entre Silvana Taques, de 51 anos, e a filha no último Natal.
"Que você tenha um ótimo natal aí com todos os guias dessa família macumbeira. kkkkkk"
A comissão argumenta que a mensagem "extravasa os limites da livre manifestação de ideias, constituindo-se em insultos, ofensas e estímulo à intolerância e ao ódio contra as religiões de matriz africana, não merecendo proteção constitucional e não podendo ser considerados liberdade de expressão, enquadrando-se no crime de racismo".
Mudança na lei
A advogada Sônia Ferreira Soares, coordenadora do GT de Crimes de Ódio e Intolerância da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, explica que a nova legislação prevê também o aumento da pena em um terço ou metade quando o racismo for recreativo, ou seja, camuflado como piada ou brincadeira. O "kkkk" (símbolo de risada) presente nas mensagens de Silvana pode ser enquadrado nessa situação.
"Essa lei foi um marco legal fundamental", diz Sônia, que representa a OAB-RJ no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos. "Foi um elogiável avanço no sentido de endurecimento de crimes de racismo."
Independentemente de ter sido uma conversa privada, que poderia se tornar pública ou não, Larissa ou André poderiam ter procurado a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
"O entendimento da lei e da jurisprudência é que a injúria, se religiosa ou não, é caracterizada por palavras ou gestos publicizados ou não", explica Sônia.
A delegada Rita Salim, da Decradi, disse que vai ouvir ainda essa semana os envolvidos no caso. Após as investigações, o trâmite consiste em a polícia enviar um parecer ao Ministério Público. O órgão, então, decide se denuncia ou não os envolvidos à Justiça.