CERVEJARIA

Heineken finalmente consegue deixar a Rússia e vende suas operações no país por só US$ 1

Negociações tiveram início em março

Cerveja - Divulgação

A cervejaria holandesa Heineken confirmou nesta sexta-feira que está deixando definitivamente a Rússia, após concluir um acordo para vender suas operações, incluindo sete cervejarias, para a empresa russa de embalagens e bens de consumo Arnest Group pelo preço simbólico de € 1 (US$ 1,08). O negócio resultará em um prejuízo de € 300 milhões.

Não há recompra ou opção de compra para retornar à Rússia, e a venda e a perda financeira terão um "impacto insignificante" no lucro por ação da Heineken, disse a empresa, acrescentando que sua perspectiva para todo o ano não será alterada.

A transação recebeu todas as aprovações necessárias, ressaltou a Heineken em um comunicado, e conclui um processo iniciado em março de 2022. Com isso, a cervejaria holandesa tornou-se uma das poucas empresas de consumo a se retirar da Rússia com sucesso desde que o governo de Vladimir Putin mudou as regras para tornar a saída do país mais difícil.

A assinatura de Putin de um decreto em abril que permite o controle temporário do Estado sobre os ativos de empresas ou indivíduos de estados hostis - o que inclui os Estados Unidos e seus aliados - complicou os esforços das principais empresas de consumo para sair da Rússia.

A saída bem-sucedida da Heineken contrasta com a da rival dinamarquesa Carlsberg, que viu seus planos de vender seus negócios no país serem interrompidos pela apreensão das operações pelo governo em julho.

Enquanto isso, a Anheuser-Busch InBev, dona de mais de duzentas marcas de bebidas, entre elas Budweiser, Corona, Stella Artois, Beck's, Leffe, Hoegaarden, Skol, Brahma e Antarctica, continua a ter interesse em uma fabricante de cerveja russa.

- Isso foi incrivelmente complexo. Havia um risco real de processo judicial para nosso pessoal e um risco real de nacionalização - afirmou o CEO da Heineken, Dolf van den Brink, em uma conversa por telefone com jornalistas.

A Heineken vinha enfrentando pressão dos consumidores para deixar a Rússia, que foi responsável por cerca de 2% das vendas globais, e declarou sua intenção de fazê-lo há mais de um ano, sem lucrar com uma transação.

Em abril, a empresa disse que havia apresentado um pedido de aprovação ao governo russo para vender o negócio. Anteriormente, a empresa havia registrado perdas totais de €210 milhões relacionadas às suas operações na Rússia.

O novo proprietário não terá o direito de vender a marca Heineken na Rússia de acordo com os termos do acordo, disse o CEO. A marca Amstel também será retirada do mercado.

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- Nossa intenção era retirar o maior número possível de marcas internacionais, por isso estamos muito felizes com a saída da Amstel, que é a segunda maior marca holandesa - acrescentou Van den Brink.

A Arnest foi um grande comprador de ativos de empresas ocidentais na Rússia no passado, adquirindo o negócio de embalagens de bebidas da americana Ball Corp por US$ 530 milhões, em setembro de 2022.

A Heineken tinha cerca de 1.800 funcionários na Rússia e a Arnest fornecerá garantias de emprego para os próximos três anos, informou a cervejaria holandesa. O comprador russo também assumirá cerca de € 100 milhões em dívidas relacionadas às operações da Heineken na Rússia, que registraram prejuízos em seis dos últimos oito anos, de acordo com a empresa.