Câmara SP

Em SP, Milton Leite articula por 4º mandato consecutivo na presidência da Câmara Municipal

Proposta de uma terceira reeleição é apresentada pelo vereador do União Brasil como uma 'solução' ao atual empasse em torno da sua sucessão e dependeria de mudança em lei

O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), tem apresentado a colegas do parlamento a possibilidade de mudar novamente a lei para disputar um quarto mandato consecutivo à frente do legislativo paulistano. A informação foi confirmada ao Globo por vereadores governistas e de oposição, que não enxergam uma grande resistência na Casa à investida.

Em setembro do ano passado, Milton Leite conseguiu aprovar, por 42 votos favoráveis e oito contrários, um Projeto de Emenda à Lei Orgânica (PLO) que autoriza o presidente da Casa a disputar duas reeleições para o posto, e não mais uma, como previa a lei orgânica do município e o regimento da Câmara. A mudança abriu caminho para que, em dezembro, o vereador do União Brasil conquistasse um inédito terceiro mandato consecutivo na Presidência.

A proposta de uma terceira reeleição é apresentada por Milton Leite como uma "solução" ao atual empasse em torno da sua sucessão. Hoje, correm na disputa pela presidência da Câmara de São Paulo quatro vereadores: Xexéu Tripoli (PSDB), João Jorge (PSDB), Rubinho Nunes (União) e Ricardo Teixeira (União).

O PSDB, em especial, reivindica a vaga na presidência com base num suposto acordo que teria sido firmado entre Milton Leite e o ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021. Segundo os tucanos, as tratativas previam que Leite ficasse dois anos no comando do legislativo e o PSDB outros dois.

O suposto acordo, porém, já foi quebrado no ano passado, com a recondução de Leite, e parlamentares próximos ao atual presidente argumentam que ele não é mais válido, já que o prefeito hoje é o emedebista Ricardo Nunes. O racha no PSDB entre Xexéu e João Jorge ainda contribui para a proposta de "solução" apresentada por Leite, dizem vereadores ouvidos pelo GLOBO.

Nunes, por sua vez, tem dito que não se envolverá nas discussões, já que todos os vereadores são de sua base. O prefeito afirma que não terá objeção a nenhuma decisão tomada pela Casa.

Tanto parlamentares da oposição quanto da base do governo afirmam que Milton Leite não enfrentaria dificuldades para tirar o plano de reeleição do papel. No PT, embora haja críticas à falta de alternância no poder, vereadores acreditam que uma ruptura com o atual presidente poderia colocar em risco a garantida vaga na 1ª secretaria. Alguns petistas, inclusive, têm defendido a possibilidade abertamente.

Em nota, Milton Leite disse que a Câmara tratará da eleição para a Mesa no momento oportuno. "Agora, a Câmara tem grandes desafios pela frente, como a análise em Plenário da cassação do vereador Camilo Cristófaro e o debate da Lei de Zoneamento", disse ele, por meio de nota.

Em benefício próprio
Durante aprovação do projeto que permitiu duas reeleições, Leite contestou o argumento de que a mudança na lei orgânica seria para beneficiá-lo. Ele disse na época, ainda, que não será mais candidato a vereador ou a outro cargo eletivo.

— Eu não manifestei candidatura alguma. Alterou-se a lei orgânica do município, que é impessoal, trata de uma regra geral desta Casa — afirmou o presidente. — Para contradizer uma vereadora que disse que eu estaria perpetuando o poder (com a aprovação do projeto), estou tornando público que eu não serei mais candidato a vereador desta Casa e nem a cargo eletivo nenhum. Minha disposição hoje é encerrar meu mandato aqui e me retirar ao final de 2024 — completou.