STF

Direita elogia votos de Zanin contra descriminalização da maconha e homofobia como injúria

Ministro do STF foi elogiado por nomes como Sóstenes Cavalcante e Celso Russomano

Cristiano Zanin - Geraldo Magela/Agência Senado

Em meio às críticas da base governista sobre a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, parlamentares de direita elogiam os votos recentes do magistrado nomeado pelo presidente Lula (PT). Apenas nesta semana, o magistrado votou contra à descriminalização da maconha e equiparação das ofensas contra LGBTQIA+ à injúria racial.

Diante deste cenário, parlamentares que se identificam como parte da corrente política da direita ouvidos pelo Globo elogiaram o posicionamento do ministro. Celso Russomano (Republicanos-SP) classificou o magistrado como "sensato":

— A minha avaliação é de que ele é uma pessoa bem sensata, eu o conheço e creio que pelas posturas dele como advogado, é um cara centrado. Acho que a sociedade é conservadora de uma maneira geral. A postura dele é de independência de quem o indicou, o que é correto.

Segundo vice-presidente da Câmara e ex-líder da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que Zanin tem se mantido fiel aos valores que disse ter em reuniões antes de sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ): um homem católico praticante e conservador.

— O que vemos é que o conjunto de valores morais estão refletindo sobre os seus votos. Valores em prol da família, em sintonia com o que 80% do país pensa. A esquerda está atacando ele, essa é a maior demonstração de que ele não está em pauta com. É um bom início, aguardamos que ele continue assim.

A opinião é compartilhada pelo senador Magno Malta (PL-ES), outro integrante da bancada evangélica:

— O cara mostrou que é católico que acredita nos valores que acredita na vida e parece que desassociou o seu voto do fato de ter sido advogado de Lula. E agora a esquerda está espancando o cara. Parabéns deu votos acertados pela vida, pelos valores, pelos princípios. Não seguiu ideologicamente o que pensa o partido do presidente e os seus puxadinhos.

Já Júlia Zanatta (PL-SC) afirmou que não vê os posicionamentos recentes de Zanin como um sinônimo de conservadorismo:

— Não o conheço, mas votou conforme a constituição e as leis. Não fez revolução por meio do judiciário. Votar conforme a constituição e as leis é ser conservador? — questionou a parlamentar.

Nas redes sociais, a militância ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também se manifestou sobre o tema. O vereador de São Paulo Fernando Holiday (PL) afirmou "apesar de algumas caras feias, volto a repetir: a indicação de Zanin é o menor dos nossos problemas".

Postura esperada
O conservadorismo do ministro foi noticiado pelo Globo, antes mesmo de sua posse. Em reuniões com a bancada evangélica antes de sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, o então advogado afirmava ser um homem cristão, contrário à descriminalização do aborto, por exemplo.

Tal posicionamento foi mencionado pelo magistrado em sua sabatina, quando se disse contrário à legalização das drogas:

— A minha visão, senador, é a de que a lei deve definir a atribuição do agente público. Então, o que é preciso ver sempre no caso concreto é se o agente público tem atribuição legal para realizar o ato de persecução, para realizar o ato que leva, por exemplo, à apreensão de drogas — afirmou, antes de prosseguir: — Então, não é uma questão de ser favorável ou não ao combate às drogas. Eu acho que a minha visão, efetivamente, é a de que a droga é um mal que precisa ser combatido. E, por isso, este Senado tem, inclusive, aprimorado a legislação com esse objetivo, acredito, de promover o combate às drogas e os temas que estão relacionados.