MOBILIDADE

Metrô do Recife retoma funcionamento com 100% da frota nesta segunda-feira

Desde o dia 18 deste mês, funcionamento do transporte acontecia somente em horários de pico

Nova reunião dos metroviários está prevista para acontecer no próximo dia cinco - Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

Após 25 dias de greve completados neste domingo (27), o Metrô do Recife volta a funcionar com 100% da sua frota nesta segunda-feira (28). Desde o dia 18 deste mês, as estações estavam abertas apenas nos chamados “horários de pico”, que acontecem das 5h30 às 8h30 e das 17h às 20h. Nesse período, inclusive, foram maiores os relatos de superlotação no transporte.

O retorno das atividades no fluxo normal foi informado por integrantes do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) na noite da última sexta-feira (25), durante uma assembleia realizada na frente da Estação Central, no Recife, onde foi votado para o fim da greve da categoria acontecer a 0h desta segunda-feira (28).

Assim, a classe retorna ao “estado de greve” e promoverá uma nova assembleia no próximo dia 5, para dar continuidade às tratativas de melhorias de trabalho junto à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)

Até o momento, foi acordado o reajuste salarial em 3,45% (pedido inicial da classe era por 7%), a garantia de permanência dos empregos em caso de privatização, a garantia do Dia do Ferroviário e também a redução de horas de trabalho para quem tem filhos com deficiências, sem que haja qualquer redução salarial em consequência.

"É uma vitória da classe trabalhadora e da direção do sindicato. A gente precisa atender bem toda a população e esse é o momento da gente recuar para negociar e abrir um espaço. Não é do jeito que queríamos, mas podemos dar um passo significativo para corrigir o salário de toda a categoria", disse o presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Luiz Soares.

À Folha, o presidente também garantiu que iniciará negociações para "possibilidade de abono ou compensação para os dias parados".

A dificuldade em se locomover entre a Região Metropolitana do Recife nos últimos 25 dias foi detalhada pela auxiliar de serviços gerais Joseane Neves, de 46 anos. Ela trabalha no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, e mora na cidade de Camaragibe.

“O metrô estava vindo somente em horários de pico e com os vagões superlotados. A gente mal conseguia entrar e quando entrava, era logo espremido. Estava terrível”, afirmou.

Ela inicia o trabalho diariamente às 7h, e durante a greve foi obrigada a mudar sua logística de locomoção.

“Eu pego às 7h no trabalho e estava tendo que ir de ônibus. Antes eu pegava o metrô às 5h, mas com a greve só abriam as estações às 5h30, e nesse horário já não dá mais para mim”, lamentou.

Como num efeito dominó, os usuários não foram os únicos afetados com a redução do horário de funcionamento do metrô nos últimos dias.

Vendedor ambulante nas plataformas do Metrô do Recife há 14 anos, Elton da Silva, de 25 anos, paga as suas contas com o dinheiro que recebe das vendas de pipocas e chocolates. Passados mais de 20 dias com uma rotina diferente, ele citou as dificuldades que vem enfrentando.

"A greve está afetando muito. A maioria dos ambulantes que tentam tirar renda daqui estão complicados, e tenho certeza que 90% estão com as contas atrasadas. Eu mesmo tive que fazer uns 'bicos' lá perto de casa e também fui vender nos ônibus, mas não se compara com a movimentação do metrô", revelou.