Europa

União Europeia deve estar pronta para novos membros em 2030, diz autoridade

Candidatura ucraniana reavivou debate sobre a expansão do bloco, que tem outros sete países oficialmente na fila e mais duas potenciais candidaturas

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky - Sergei Supinsky/AFP

A União Europeia (UE) deve estar pronta para receber novos integrantes em 2030, declarou, nesta segunda-feira o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, durante conferência na Eslovênia. Cinco países dos Bálcãs — Albânia, Bósnia, Macedônia do Norte, Montenegro e Sérvia — além de Turquia, Ucrânia e da Moldávia tem candidaturas oficiais à adesão. Geórgia e Kosovo também são potenciais candidatos.

— Se queremos ter credibilidade, precisamos falar sobre o calendário — disse.

Michel deu as declarações durante o Fórum Estratégico realizado na cidade de Bled.

— Enquanto preparamos a próxima agenda estratégica da EU, devemos fixar um objetivo claro. Creio que estaremos prontos, de ambos os lados, em 2030 para uma ampliação — completou.

A ampliação da UE deve ser um dos principais temas em discussão nos próximos encontros de cúpula do bloco, especialmente pelo questão sensível da guerra na Ucrânia, que junto à Moldávia, ascendeu ao status de candidata oficial em junho de 2022, poucos meses depois do início do conflito. Já a abertura concreta de negociações para a adesão dificilmente ocorrerá enquanto durar a guerra, dizem analistas.

O status de candidato não confere a adesão automática, e esta ainda pode demorar décadas até se concretizar. Ainda assim, a concessão no ano passado teve um peso simbólico e a intenção de enviar a Moscou um sinal de comprometimento do Ocidente.

Tanto a Ucrânia quanto a Moldávia precisarão cumprir uma série de obrigações antes de terem chance de ser admitidas no bloco, que hoje abriga 27 países. Entre as nações dos bálcãs ocidentais, há negociações em curso há mais de uma década.

— A lentidão desta viagem até a UE decepcionou muitos, tanto na região como dentro do bloco.

A Turquia se candidatou em 1987, mas ainda não é um país-membro. Desde 1999, Ancara teve a candidatura oficializada, mas o processo não avançou. A Turquia sob o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan implementou uma série de reformas para tentar aproximar o país das exigências do bloco, mas as constantes denúncias de violações de direitos humanos do regime turco estão entre os obstáculos apontados por analistas. Recentemente, Erdogan chegou a declarar que só concordaria com a entrada da Suécia na Otan — a aliança militar ocidental encabeçada pelos EUA e da qual o país faz parte — se as conversas para entrada da Turquia na UE progredissem. O líder turco voltou atrás na exigência, mas o recado foi dado.

O debate sobre entrada da Turquia e dos outros países no bloco esteve estacionado nos últimos anos, enquanto cresceu em muitos países um sentimento anti-UE — do qual o Brexit, com a saída do Reino Unido, é o maior símbolo. A guerra na Ucrânia, no entanto, reavivou as discussões sobre o tema, com o aumento do temor das pretensões expansionistas de Moscou, dizem especialistas.