Literatura

Lucilo Varejão lança seu novo livro "Albert Camus: Humanismo e Política", na APL

Marcando a celebração pelos 110 anos de Camus, que nasceu em 7 de novembro de 1913, o evento contou com palestra e sessão de autógrafos do autor

O escritor, professor e acadêmico Lucilo Varejão Neto lançou, nesta segunda-feira (28), na APL, o livro "Albert Camus: Humanismo e Política" - Alexandre Aroeira / Folha de Pernambuco

O escritor, professor e acadêmico Lucilo Varejão Neto lançou, nesta segunda-feira (28), na Academia Pernambucana de Letras (APL), o livro “Albert Camus: Humanismo e Política”, realizado a partir de 20 anos de pesquisa e leituras sobre a obra do escritor e filósofo franco-argelino. Marcando a celebração pelos 110 anos de Camus, que nasceu em 7 de novembro de 1913, o evento contou com palestra e sessão de autógrafos do autor.

A publicação aborda a obra de Albert Camus, autor de livros como “O estrangeiro”, “A peste”, “Calígula”, um dos mais lidos do planeta. “Camus possui obras de grande valor literário e eu resolvi fazer essa homenagem. Ele desenvolveu o que chamamos de Filosofia do Absurdo, que é o desencontro que existe entre o apelo humano, os questionamentos humanos de um lado; e do outro, o silêncio do mundo. Esse confronto, essa relação do homem-mundo fez nascer essa noção do absurdo, que são as coisas que não têm resposta”, detalha Lucilo.

No evento, Lucilo Varejão Neto ministrou uma palestra intitulada “Humanismo e Política”, expondo um pouco do pensamento desenvolvido no decorrer do livro e traçando uma visão geral do pensamento de Camus. Em seguida, recebeu convidados em uma sessão de autógrafos. Com 312 páginas, "Albert Camus: Humanismo e Política" é uma publicação da editora Nova Presença e está à venda na Academia Pernambucana de Letras. 

As facetas de Camus
Na publicação, o escritor Lucilo Varejão aborda a obra de Albert Camus sob os aspectos humanista e político. No primeiro recorte, o autor aborda as questões humanas levantadas pelo filósofo.

“Camus desenvolveu o que chamamos de Filosofia do Absurdo, que é o desencontro que existe entre o apelo humano, os questionamentos humanos de um lado; e do outro, o silêncio do mundo. Esse confronto, essa relação do homem-mundo fez nascer essa noção do absurdo, que são as coisas que não têm resposta”, frisa Lucilo.

Para ilustrar a visão humanista de Camus, Lucilo compara o livro “A peste”,q ue trata de uma epidemia que surgiu a partir de uma invasão de ratos à cidade de Oran (Norte da Argélia) e dizimou as pessoas do lugar, com a recente crise sanitária do coronavírus. “É, por exemplo, o que vivemos há pouco tempo com a covid-19, uma pandemia que nos deixou dois anos afastados de pessoas, parentes, amigos, muitos morreram. O que fizemos para ter uma covid dessas, isolados? Isso é um absurdo, está dentro dessa noção do absurdo”, explica Varejão. “E qual o meio para salvar as pessoas? A solidariedade. E o absurdo deixa de ser uma questão individual para se tornar uma questão coletiva”, aponta.

Já sobre o aspecto político, o autor lembra que Albert Camus era um militante engajado. “Na Guerra da Argélia (Independência argelina da França), Camus (nascido na Argélia, mas cidadão francês) não tomou partido de um ou de outro, mas se posicionou a favor do diálogo, do entendimento. Foi um combatente do nazismo na França. Ele sempre condenou políticas totalitaristas, foi editor-chefe e escreveu para o jornal entre 1944 e 1947.Condenou os massacres, o que aconteceu na Bósnia,a invasão de Berlim, da Hungria. Se fosse vivo hoje, muito provavelmente Camus seria um defensor da Ucrânia”, descreve o autor.

“Albert Camus é hoje um dos homens mais estudados e mais lidos no mundo porque ele trata de temas atuais. A atualidade de sua obra é uma coisa muito constante e profunda. O principal objetivo de sua obra é o homem em todos os seus aspectos, suas facetas e com todas as suas indagações e toda a questão política existente no mundo”, ressalta. “A leitura de Camus continua atualíssima. Tudo que ele tratava em sua época, hoje continua existindo. E isso mexe com as cabeças pensantes que nós temos em nossa sociedade”, conclui Lucilo Varejão.

Sobre Albert Camus
O escritor recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957 pela importância de sua produção que apresenta aspectos do confronto existente entre o homem e o mundo, além da busca constante pela satisfação humana. Suas ideias continuam atuais e abordam temas relativos à existência humana, às injustiças sociais, ao relacionamento do homem com a natureza, em ensaios, romances, peças teatrais e artigos jornalísticos.

Sobre Lucilo Varejão Neto
Lucilo Varejão Neto é escritor, tradutor e professor da UFPE. Pertence à Academia Pernambucana de Letras, à Academia de Artes e Letras do Nordeste, à Academia Olindense de Letras, à Academia Recifense de Letras e à Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda. 

Também é membro do Seminário de Tropicologia da Fundaj, ex-secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda. Entre seus livros publicados estão "De Mersault à Mersault"; "Dias de Olinda"; "Escritos e Escritores"; "Histórias Verdadeiras"; "Entre o homem e o mundo"; "Tempo e memória"; "Viagem ao prazer"; além de contos e ensaios.