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Ultraprocessados aumentam em até 24% as chances de infarto e AVC; entenda que alimentos são esses

Dois novos trabalhos alertam para as chances aumentadas

Batata chips é um dos exemplos de alimento ultraprocessado - Unsplash

A presença de ultraprocessados na alimentação – como batatas fritas, refrigerante e nuggets –, também conhecidos por "comida trash", pode aumentar o risco de declínio cognitivo e obesidade. No entanto, foi detectado por dois novos estudos que os acidentes cardiovasculares e AVCs também são possíveis consequências da dieta rica nestes alimentos.

O primeiro estudo, feito por uma equipe de pesquisadores chineses, é uma meta-análise realizada com mais de 325 mil participantes, tanto homens quanto mulheres. Os resultados apontaram que aqueles que o excesso de ultraprocessados na dieta causava 24% mais chances de eventos cardiovasculares acontecerem, como são chamados ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e angina (dor no peito causada pela diminuição do fluxo de sangue no coração).

Já o segundo estudo, realizado pela Universidade de Sydney, acompanhou 10 mil mulheres durante 15 anos. Foi descoberto pelos pesquisadores que as participantes com maior consumiam mais alimentos ultraprocessados tinham uma probabilidade 39% maior de desenvolver pressão arterial. Os resultados se mantiveram mesmo após ajustes para os efeitos causados pelo sal, pelo açúcar e pela gordura.

A pressão arterial elevada é uma das principais causadoras de infarto, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, aneurismas da aorta e demência vascular.

O que são os ultraprocessados?
De acordo com o Ministério da Saúde, ultraprocessados são aqueles alimentos que envolvem formulações industriais e passam por uma série de processos antes de estarem próprios para o consumo. Eles são característicos pelo baixo teor nutricional, uma vez que são ricos em açúcar, calorias e aditivos químicos que intensificam o sabor e aumentam o prazo de validades.

Esses alimentos foram classificados como "ultra" através do sistema de classificação NOVA, que divide os grupos alimentares consumidos em quatro em relação aos processos pelos quais passam. Esta ferramenta foi criada originalmente pelo cientista brasileiro Carlos Monteiro, da Universidade de São Paulo (USP), em 2009.

De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alguns dos mais consumidos pelos brasileiros são a margarina, os salgadinhos "de pacote", os biscoitos salgados e doces, frios e embutidos, como o salame, sobremesas industrializadas, refrigerantes, cachorro quente, hambúrgueres e outros sanduíches. Pães de forma, caldos com sabor artificial e refeições congeladas também fazem parte da classe de alimentos, que deve ser evitados para não chegar a 20% das calorias ingeridas diariamente.

Lista de alimentos

Segundo o "Guia alimentar para a população brasileira", feito pelo Ministério da Saúde, são alimentos ultraprocessados:

Biscoitos, sorvetes e guloseimas;

Bolos;

Cereais matinais; barras de cereais;

Sopas, macarrão e temperos “instantâneos”;

Salgadinhos “de pacote”;

Refrescos e refrigerantes;

Achocolatados;

Iogurtes e bebidas lácteas adoçadas;

Bebidas energéticas;

Caldos com sabor carne, frango ou de legumes;

Maionese e outros molhos prontos;

Produtos congelados e prontos para consumo (massas, pizzas, hambúrgueres, nuggets, salsichas, etc.);

Pães de forma;

Pães doces e produtos de panificação que possuem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar e outros aditivos químicos.

O documento orienta evitar o consumo deles. Dentre os motivos, destaca que eles "em geral, são pobres nutricionalmente e ricos em calorias, açúcar, gorduras, sal e aditivos químicos, com sabor realçado e maior prazo de validade".