América do Sul

Conselho de Lula a candidato governista argentino: "Lute até o final" contra Milei

Palavras foram dirigidas ao candidato à Presidência peronista e ministro da Economia, Sergio Massa

Ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa - Luis Robayo/AFP

Em sua rápida visita a Brasília, nesta segunda-feira (28), o ministro da Economia e candidato à Presidência da Argentina, Sergio Massa, esteve cerca de meia hora reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. No encontro, disse ao Globo uma fonte do governo brasileiro, Lula disse a Massa que “lute até o final” na disputa pelo comando da Casa Rosada com o candidato da extrema direita, Javier Milei.

A eleição presidencial argentina foi o assunto principal da conversa entre o presidente e o ministro e candidato do governo de Alberto Fernández. O principal conselho dado por Lula a Massa foi, segundo a fonte consultada, que “não entregue” a eleição ao candidato da extrema direita, favorito no pleito.

Milei ficou em primeiro lugar nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), realizadas em 13 de agosto passado, nas quais os argentinos elegeram os candidatos que disputarão o primeiro turno, em 22 de outubro. Recentes pesquisas indicaram que o cenário mais provável será um eventual segundo turno entre Milei e Massa. Com este pano de fundo, Lula disse ao candidato argentino, que visitou o Brasil no papel de ministro da Economia, que deve lutar até o final, mergulhar na campanha eleitoral e impedir, acrescentou a fonte, “que a Argentina viva uma tragédia”, em referência à possibilidade de vitória de Milei, candidato apoiado publicamente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Massa, assegurou a fonte, mostrou-se confiante. O candidato da aliança de governo e eleitoral Unidos pela Pátria, formada por peronistas e kirchneristas, disse acreditar em suas chances de derrotar Milei num eventual segundo turno, previsto para o dia 19 de novembro. Para isso, primeiro deve impedir que Milei seja eleito no primeiro turno, possibilidade sustentada por alguns analistas locais. Para vencer no primeiro turno na Argentina, um candidato deve obter pelo menos 45% dos votos, ou 40% com mais de dez pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado.

O ministro peronista afirmou a Lula, segundo a mesma fonte, que deixará “seu sangue nesta campanha”, e que confia em contar com o apoio dos sindicatos, da juventude, e do presidente Fernández e sua vice, Cristina Kirchner.

Os números apresentados por Massa ao presidente brasileiro mostraram, comentou a fonte, um cenário tranquilo para o governo. O candidato, na pesquisa levada a Brasília, tem entre 30% e 31% das intenções de voto, contra entre 33% e 34% de Milei. Em terceiro lugar, muito distante, segundo a mesma pesquisa, está a candidata da aliança opositora Juntos pela Mudança, Patricia Bullrich, com entre 20% e 21%.

Outras pesquisas, porém, mostram cenários menos favoráveis à Casa Rosada. De acordo com dados recolhidos pela empresa de consultoria Opiniaia, o candidato da extrema direita tem 35% das intenções de voto, contra 25% do ministro da Economia e 23% da candidata da Juntos pela Mudança. A mesma pesquisa mostrou que num eventual segundo turno o candidato da extrema direita derrotaria qualquer um de seus dois rivais