Ex-fuzileiro americano sentenciado a 16 anos na Rússia aparece em vídeo pela 1ª vez em 3 anos
Paul Whelan foi condenado após uma acusação de espionagem que Washington reputa como falsa; aparição foi em matéria da emissora russa RT
O ex-fuzileiro naval americano Paul Whelan, que cumpre pena de 16 anos por acusações de espionagem na Rússia, apareceu pela primeira vez em três anos em imagens de um vídeo divulgado nesta segunda-feira (28) por uma rede de notícias apoiada pelo Kremlin. Whelan está preso desde junho de 2020 e só foi visitado por diplomatas ocidentais neste período.
No vídeo postado pela RT – uma rede estatal de língua inglesa anteriormente conhecida como Russia Today – Whelan é visto em vários ambientes, inclusive comendo em uma cafeteria. Ele parecia estar com boa saúde e recusou o pedido de um entrevistador para lhe fazer perguntas.
Num e-mail aos apoiantes, o irmão gêmeo de Whelan, David, disse que segunda-feira “foi a primeira vez que vi como ele realmente é desde junho de 2020”.
“Então, obrigado, Russia Today, porque embora suas reportagens sejam o pior tipo de propaganda e você seja o porta-voz dos criminosos de guerra, pelo menos pude ver como é Paul depois de todos esses anos”, escreveu ele.
David Whelan disse que o vídeo foi gravado em maio. Acrescentou que o seu irmão informou anteriormente aos seus pais que os funcionários da prisão o tinham punido pela sua recusa em participar na entrevista, inclusive roubando-lhe algumas das suas roupas.
Prisioneiros na Rússia
Whelan é classificado pelos Estados Unidos como um cidadão americano "detido injustamente", o que significa que aos olhos de Washington ele é um refém político. Além dele, o jornalista Evan Gershkovich, do The Wall Street Journal, também é classificado deste modo.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que está trabalhando para garantir a libertação de Whelan. O Departamento de Estado tentou durante meses incluí-lo no acordo que libertou a estrela do basquete americano Brittney Griner, que foi presa em um aeroporto russo pouco antes da invasão da Ucrânia e mais tarde se declarou culpada de acusações de porte de drogas. Ela foi libertada em dezembro em troca de Viktor Bout, um notório traficante de armas russo.
Gershkovich, por sua vez, foi detido no no fim de março, também acusado de espionagem. Na quinta-feira passada, um tribunal de Moscou prorrogou por três meses a prisão provisória do jornalista, até 30 de novembro. A imprensa não foi autorizada a acompanhar a audiência, que aconteceu a portas fechadas. A prorrogação da detenção era considerada quase certa, já que a Justiça russa raramente concede liberdade durante o processo a detentos por acusações tão graves.
(Com New York Times)