Cantor pernambucano Geraldo Maia é assaltado no Centro do Recife: "Sofri uma violência muito pesada"
Músico foi derrubado no chão e teve cartões e carteira levados pelo bando
"Eu sofri uma violência muito pesada, descomunal." Essa é parte do relato do cantor e compositor pernambucano Geraldo Maia, de 64 anos, à Folha de Pernambuco após ter sido assaltado na rua das Calçadas, bairro de São José, Centro do Recife, na manhã do último domingo (27).
O artista havia saído de casa para alimentar gatos que vivem perto do Mercado de São José, atividade que faz rotineiramente, quando foi surpreendido por quatro assaltantes que portavam faca peixeira e revólver. O cantor chegou a ser derrubado no chão e teve o pescoço prensado por um deles, além de ter a arma apontada para cabeça e a faca para sua barriga.
Geraldo Maia prestou Boletim de Ocorrência na Delegacia de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, nessa segunda-feira (28). O caso foi registrado pela Polícia Civil como roubo a transeunte. A corporação disse à reportagem que "as investigações foram iniciadas e seguem até esclarecimento do caso".
Na ação criminosa, o bando subtraiu a carteira com documentos como RG, Carteira de Habilitação e cartões bancários, um óculos de sol com grau e até o par de sandálias do cantor. Depois do assalto, o artista foi atendido em um hospital particular do Recife ainda no domingo e afirmou que segue tomando analgésicos e sentindo fortes dores no pescoço, que está cheio de hematomas.
"Não foi assim: 'Isso aqui é um assalto, passe sua carteira'. Eu ia andando a 300 metros do meu prédio. Domingo é deserto, não tem policiamento, não tem nada, praticamente abandonado. É uma tragédia esse bairro de São José, poderia ser um bairro lindo, luxuoso, precioso, onde todo mundo quisesse vir, mas é um bairro fantasma que só existe durante o dia quando o comércio está aberto", lamentou Geraldo, que afirmou que os quatro homens que lhe abordaram deveriam ter entre 18 e 22 anos, aproximadamente.
O artista disse ter se arriscado em ter feito o que fez. "Isso aqui [a região onde fica o Mercado de São José] é uma área de risco, não é de interesse público. Estava andando numa hora errada, num lugar errado, apesar de ser o meu bairro. Aqui está cheio desses jovens 'crackeiros', que são vítimas também dessa perversa sociedade em que a gente vive, desse país profundamente desigual e injusto e essa desigualdade é um pouco o que leva a essa realidade".
"Quando um deles se abaixou e deu essa prensa no meu pescoço eu achei que ia morrer porque fui ficando sufocado, minha visão foi ficando turva. Ele largou minha cabeça no chão e levaram meus óculos de sol, minha sandália e minha carteira. Não tinha um centavo, mas tinha meus documentos todos", completou.
Dois cartões de Geraldo estavam na carteira e foram usados em diversas compras em lojas antes de serem finalmente bloqueados, cerca de três horas após o assalto. Ele também acredita que os cartões não foram usados pelos quatro que o assaltaram, mas devem ter sido repassados para outros.
"Poderia ter sido muito pior. Renasci. A violência deles foi muito brutal", acrescentou o cantor, que afirmou ter voltado a levar comida para os gatos nesta terça-feira (29), dizendo não querer "ficar refém" do medo após o episódio.
"Eu não fui ontem [segunda-feira] porque estava muito traumatizado, agora de manhã fui propositadamente porque não quero ficar refém deles, nem desse pavor, desse pânico. Eu fui, porque já é um dia de semana, está movimentado. Não passei pelo caminho onde eles me atacaram, fiz um outro caminho.Fui até o mercado, comprei ração, levei para os gatos e voltei para casa. Exatamente para combater essa sensação de que eu vou ficar encarcerado, não quero isso", finalizou Geraldo Maia.
Geraldo Maia
Com oito discos lançados, em trabalhos em que homenageia diversos gêneros da música popular, o trabalho de Geraldo Maia ficou mais difundido a partir da trilha sonora do filme "Lisbela e o Prisioneiro", do diretor Guel Arraes. Em 2021, participou e foi finalista do talent show "The Voice+", da TV Globo.