Rússia

Prigojin é enterrado em cerimônia privada na Rússia

O Kremlin anunciou mais cedo que o presidente russo, Vladimir Putin, não iria ao funeral do líder do Grupo Wagner

Flores depositadas no túmulo do líder do Wagner, Yevgeny Prigojin - Olga Maltseva/AFP

O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigojin, foi enterrado, nesta terça-feira, em uma cerimônia privada, nos arredores de São Petersburgo. Prigojin morreu na semana passada quando o avião em que viajava com outros integrantes da cúpula do Wagner caiu na região de Tver, noroeste de Moscou, exatos dois meses depois de liderar uma rebelião fracassada contra o alto comando da Defesa russa.

"A despedida de Yevgeny Víktorovich ocorreu de forma privada. As pessoas que desejam se despedir dele podem ir ao cemitério de Pokrovskoye", escreveu no Telegram a Concord, uma empresa que pertencia ao líder do Wagner.

O funeral ocorreu de forma discreta, bem diferente do estilo do líder mercenário, que buscava os holofotes da mídia e as redes sociais para exibir sua influência e brutalidade. O segredo em torno da organização do enterro e a cerimônia reservada evitaram que o local se tornasse alvo de manifestações de apoio. Desde que a notícia da morte dele começou a circular, admiradores do paramilitar depositaram flores em homenagens improvisadas, na capital e em outras cidades do país.

Poucas horas antes da divulgação da mensagem sobre o enterro, o Kremlin havia anunciado que o presidente russo, Vladimir Putin, não planejava ir ao funeral de Prigojin. No domingo, o Comitê de Investigação russo confirmou a morte dele após "exames de genética molecular", sem dar mais detalhes sobre as investigações.

Governos de países ocidentais, incluindo a Casa Branca e o presidente americano, Joe Biden, insinuaram que Putin estaria por trás do incidente. O Kremlin negou qualquer envolvimento com a morte de Prigojin e disse estar a par das “especulações” que classificou como “mentira absoluta”.

A queda da aeronave de Prigojin é a mais recente de uma longa lista de mortes suspeitas ligadas à Rússia, em meio a uma onda de repressão da dissidência e de opositores ao governo russo. Em junho, a polícia russa abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da 11ª morte (e até então última) de uma pessoa de influência do país desde o ano passado. Tarava-se de Kristina Baikova, a vice-presidente do Loko-Bank, que caiu do 11º andar de um prédio em Moscou, no dia 23 de junho.

O caso de Kristina se juntou a uma série de mortes misteriosas de oligarcas russos, desde o começo de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. Outro exemplo foi Pavel Antov morreu, em dezembro, após cair da sacada do quarto onde estava hospedado na Índia. Ele tinha uma fortuna estimada em R$ 782 milhões e era crítico ao governo do presidente Vladimir Putin e à guerra na Ucrânia.

Há dois meses, após a rebelião fracassada do Wagner, o presidente russo reagiu publicamente dizendo que a ação dos paramilitares foi uma “punhalada pelas costas” e constituía uma “ameaça mortal” à Rússia. Ele também acusou diretamente Prigojin de "trair" o país por suas "ambições pessoais". (Com AFP)