BASTIDORES

SAF, retorno ao clube para evitar falência e críticas ao CD: ALN quebra silêncio no Santa Cruz

Presidente Antônio Luiz Neto utilizou a assessoria de imprensa do clube para se pronunciar

Antônio Luiz Neto cumpre sua terceira passagem na cadeira de presidente do Tricolor do Arruda - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Cumprindo o seu terceiro mandato à frente da cadeira de presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, enfim, quebrou o silêncio na noite desta terça-feira (29). Ele, que não respondeu à reportagem da Folha de Pernambuco, se pronunciou apenas através da assessoria de imprensa do clube.

Entre as principais questões, ele disse que retornou ao cargo para evitar que o clube falisse, garantiu ter cumprido com o pagamento dos salários até o último jogo da atual temporada, confessou não ter montado o elenco que projetava e disparou críticas ao Conselho Deliberativo coral, chegando, inclusive, a apontar o presidente Marino Abreu como "ditador", com base na reprovação do balanço financeiro do clube referente ao ano passado e também pelo fato de Abreu não ter permitido a presença de 300 conselheiros na votação.

O grupo em questão havia sido empoassado enquanto o Santa Cruz estava sob intervenção de Ricardo de Paula, em meio ao processo de Recuperação Judicial.

"O fato é que o senhor Marino Abreu mais uma vez desacata a legislação. Ele não implementou a decisão do poder maior do clube, da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que elegeu e empossou 300 conselheiros e determinou a reinserção da Comissão Patrimonial no estatuto do clube e, por isso, sofreu intervenção judicial e recebeu a determinação e a intervenção de implementar a presença dos 300 conselheiros e assim o fez, assim como implementar a Comissão Patrimonial. Posteriormente, convocou uma reunião atual para apreciar as contas do (Poder) Executivo, que mesmo com pareceres favoráveis, eles trataram de rejeitar, além de barrarem os 300 conselheiros, não permitindo que eles comparecessem ao auditório para votar. Mais uma vez desacatando a Justiça, mais uma vez desacatando a decisão adotada pelo juiz da Recuperação Judicial e pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco", iniciou ALN.

Exaltando a tentativa de tornar o Santa Cruz uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), ele disse lamentar as posturas adotadas pelo presidente do Conselho Deliberativo, ao qual chamou de "ditador".

"Essa é mais uma atitude ditatorial do senhor Marino Abreu, tratando mal as pessoas e gerando conflitos no Santa Cruz. Fato esse que só faz prejudicar o clube, num momento como esse que estamos tentando implementar a SAF e em Recuperação Judicial, buscando evitar falência do Santa Cruz e a perda do patrimônio. Eu lamento muito tudo isso", garantiu, antes de colocar a empresa BDO RCS Auditores, responsável pelo processo de auditoria do clube, como uma referência no Brasil.

"Inclusive, a BDO, que foi a empresa que auditou as contas do Santa Cruz, é a quinta maior empresa do país, reconhecida internacionalmente, e deu parecer favorável. De maneira que barrar a presença dos conselheiros do clube para votarem numa legítima sessão foi um absurdo. Certamente, a Justiça deverá observar mais esse erro de procedimento do Conselho (Deliberativo) atual do Santa Cruz", complementou.

O mandatário ainda relembrou capítulos de dificuldades na temporada, listando que as peças trazidas para composição do time não eram as programadas, os recursos nos cofres da Série D haviam sido antecipados e que seu retorno à presidência foi com o objetivo de driblar o clube do perigo de falir. 

Mirando a atenção para os próximos acontecimentos, Antônio Luiz Neto projetou a implementação da SAF e pregou o afastamento "de quem desagrega".

"O Santa Cruz, na verdade, precisa de união. Noventa e cinco por cento dos tricolores que coloboram com o clube, estão conosco, participam conosco. São médicos, advogados, profisisonais liberais, comerciantes, gente do Ministério Público, gente da magistratura, da Defensoria Pública, comerciários, trabalhadores, tricolores de todas as matizes, que unidos estão nos ajudando a salvar o clube. O fato é que a grande missão ao retornarmos dessa vez para gerir o Santa Cruz foi evitar falência, foi colocado na Série D com todos os recursos antecipados, mesmo nas dificuldades para gerir o clube, conseguimos colocar em dias funcionários, atletas e comissão técnica, até o último jogo, mas infelizmente não deu para formar o time que queríamos. A luta hoje é para salvar o Santa Cruz e nós vamos conseguir. Vamos virar SAF e com ajuda de todos esses conselheiros e da torcida. Quem desagrega, deveria se afastar. Quem não vai ao clube, deveria se afastar, não ficar fomentando ódio, a desunião e a desagregação de um clube que sempre cresceu e sempre foi adiante em razão da união entre as pessoas", disse por fim.