EUA alerta que investir na China pode se tornar "muito arriscado"
Gina Raimondo é a quarta autoridade dos EUA que visitou a China nos últimos meses, em uma tentativa de atenuar as divergências entre os dois lados
A China poderá tornar-se “muito arriscada” para as empresas americanas se o clima regulador não mudar, alertou a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, nesta quarta-feira (30), no final da sua visita à potência asiática.
No quarto dia de sua visita à China, Raimondo afirmou ter apresentado “questões difíceis” em suas reuniões com as autoridades locais.
O ambiente empresarial na China “tem que ser previsível, precisa ter condições de concorrência equitativa, precisa ter o devido processo, precisa ter transparência”, disse em entrevista coletiva em Xangai.
“As empresas americanas precisam que sejam tomadas medidas para resolver essas questões, caso contrário será considerado muito arriscado” investir na China, acrescentou.
Gina Raimondo é a quarta autoridade dos EUA que visitou a China nos últimos meses, em uma tentativa de atenuar as divergências entre os dois lados sobre inúmeras questões econômicas e de segurança.
“Levantei questões difíceis como subsídios, práticas antimercado, ataques a empresas americanas, roubo de propriedade intelectual”, disse a secretária do Comércio. No entanto, ela classificou as conversas como "produtivas" e um "excelente começo".
As empresas americanas na China denunciaram o que compartilham um ambiente empresarial injusto, com pouca proteção da propriedade intelectual e tratamento preferencial às concorrentes locais.
Esse sentimento foi reforçado ano pelas medidas impostas às empresas de consultoria americanas que operam na China.
Uma nova lei anti-espionagem ambígua, que entrou em vigor em 1º de julho, também asssustou empresas locais e estrangeiras que tentavam investigar o interesse das autoridades e quais são os limites para suas atividades sob as novas regras.
E-mails hackeados
Gina Raimondo afirmou que também discutiu com as autoridades a suposta invasão de seu e-mail por agentes baseados na China.
“Mencionei que meus próprios e-mails foram hackeados”, disse, observando que este foi um “exemplo de uma ação que corroi a confiança em um momento em que estamos tentando estabilizar a relação”.
Raimondo aproveitou a viagem para procurar descobrir mais abertas com a China sobre as suas restrições comerciais, e os dois lados concordaram em criar um grupo de trabalho para resolver as suas disputas comerciais.
Ela também insistiu que as restrições americanas às empresas chinesas, que Washington diz serem para proteger a sua segurança nacional, não deveriam afetar as relações comerciais de forma mais ampla.
Mas o primeiro-ministro chinês, Li Qing, alertou Raimondo na terça-feira que as medidas dos EUA "politizam" a relação comercial serão "desastrosas" para a economia global.
“A politização dos assuntos econômicos e comerciais e a extensão excessiva do conceito de segurança não só afetam seriamente as relações bilaterais e a confiança mútua”, disse Li a Raimondo, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.
Raimondo reuniu-se com estudantes no campus de Xangai da Universidade de Nova York nesta quarta-feira e participou de uma reunião de executivos organizada pela Câmara do Comércio dos EUA na cidade chinesa.
O presidente dessa câmara na China, Michael Hart, disse à AFP que a organização apoia as palavras de Raimondo.
“Temos sido muito claros nas nossas reuniões com o governo chinês que, embora algumas empresas dos EUA estejam prosperando, ações como hackear as nossas empresas e restringir os fluxos de dados não ajudam a atrair mais IED (investimento estrangeiro direto)”, afirmou Hart.