Autor de funk critica versão usada em apresentação de "Cavalo Tarado" em escola municipal
MC Cavalo usou as redes sociais, nesta terça-feira, para se pronunciar sobre o caso e afirmou que recebeu ataques
MC Cavalo, autor do funk "Cavalo no Cio", usou as redes sociais nesta terça-feira (30) para se manifestar sobre a apresentação de dança feita no Ciep municipal Luiz Carlos Prestes, localizado na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. A performance, embalada pela canção do MC, foi alvo de críticas devido às conotações sexuais.
— Eu até achei bacana a apresentação, mas o ponto que eu vou colocar como negativo é a versão utilizada para a apresentação. Aí eu discordo porque existe uma versão voltada para o público infantil. Em 2014, quando a música foi lançada, tivemos a gravação do clipe meses depois, onde também tivemos a ideia de modificar a letra da música justamente para não acontecer o que aconteceu. Vocês acham fácil o videoclipe de "Cavalo no Sítio" — explica MC Cavalo.
Em seguida, o artista diz que entrou em contato com um membro do grupo de dança e pediu para que nas próximas apresentações usassem a versão "light" da música. Por fim, MC Cavalo afirma esperar que "tudo se resolva".
— Eu já entrei em contato com um membro da peça teatral, que é a Tamiris Cândida. Ela é dançarina, faz um trabalho excelente de dança com os jovens. No vídeo, ela que está caracterizada de cavalo. Eu tive esse contato com ela e pedi para que utilizassem a versão que é voltada para o público infantil, que é a versão que está no videoclipe original. Espero que daqui para frente tudo se resolva. Para as pessoas que criticaram, eu não estava sabendo de nada. As pessoas me mandam um vídeo, eu fico feliz com a homenagem, mas vamos consertar o que está errado — afirma.
Relembre o caso
A Secretaria municipal de Educação anunciou que abriu sindicância para apurar a origem da apresentação de um grupo de dança que viralizou e gerou críticas nas redes sociais nesta segunda-feira. Em um vídeo divulgado no Tiktok, os alunos no Ciep municipal Luiz Carlos Prestes, localizada na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, assistem a uma performance do grupo Cia Suave, que usa a música "Cavalo no cio", cuja letra tem conotações sexuais.
Durante o evento, que aconteceu no dia 22 de agosto, crianças e adolescentes estão reunidos no pátio do colégio enquanto uma mulher surge, com uma máscara de cavalo cobrindo o rosto fazendo movimento de galope sobre um homem. A apresentação conta ainda com outros três homens com trajes de bailarinas, fazendo "passinhos" de funk.
Um dia depois da indignação do prefeito Eduardo Paes, postada na segunda-feira nas redes sociais, a Secretaria municipal de Educação soltou nota responsabilizando o grupo de dança. Ela repudiou a performance e afirmou que os representantes do grupo artístico teriam agido de “má fé” ao encaminharem para a escola uma proposta de espetáculo com classificação livre, ou seja, para todas as idades. No entanto, “exibiram conteúdo completamente inadequado para as crianças”. Além da sindicância, o grupo também foi proibido de se apresentar em unidades do município.
O cartaz com o anúncio da apresentação mostra ser um evento da prefeitura do Rio e da Secretaria municipal de Cultura que, em nota, afirmou: "a Secretaria Municipal de Cultura repudia veementemente o teor da apresentação do grupo, inscrita como classificação livre em edital público em 2022. A seleção do projeto foi realizada por comissão independente".
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, publicou nesta segunda-feira, um vídeo para se manifestar contra uma apresentação. Paes afirmou que o evento gera "indignação e repúdio".
"Gente, eu recebi esse vídeo absurdo aqui e eu queria entender o que se passa na cabeça de alguém que acredita que isso aqui é algo que possa ser apresentado para crianças. Eu reagi como qualquer pessoa lúcida que vê essa gravação: com muita indignação e com repúdio. Criança está na escola para estudar, para aprender, para desenvolver as habilidades. Nós vamos endurecer o controle sobre qualquer apresentação, atividade ou palestras feitas nas escolas municipais da cidade, principalmente por esses grupos independentes, para que isso não volte a acontecer. Eu não admito que a gente desperdice tempo e exponha as crianças a esse tipo de conteúdo. Não é possível que alguém considere adequado ao ambiente escolar", disse Paes.