Autor de projeto pelo Dia do Patriota nega escolha da data em homenagem a Bolsonaro
Deputado federal Adilson Barros, do PL, disse desconhecer que 21 de março fosse aniversário do ex-presidente, cita ídolo da F-1 e Dia da Igualdade Racial como justificativa
O deputado federal Adilson Barroso (PL-SP), que apresentou projeto de lei para comemorar o Dia Nacional do Patriota em 21 de março, aniversário de Jair Bolsonaro (PL), negou ao Globo que tenha escolhido a data em homenagem ao ex-presidente. De acordo com o parlamentar, o texto protocolado nesta terça-feira propõe o dia em homenagem ao ex-piloto Ayrton Senna, morto em 1994, e ao Dia da Igualdade Racial, ambos comemorados no mesmo dia.
— Eu escolhi essa data para termos orgulho da nossa pátria. Pensei no Ayrton Senna e no Dia da Igualdade Racial, vendo esse dia como uma defesa a todas as raças, já que o Brasil é composto por várias raças — explicou.
Questionado sobre a relação com o aniversário de Bolsonaro, que também nasceu no dia 21 de março, o deputado negou ter escolhido a data em homenagem ao ex-mandatário e se mostrou surpreso:
— É coisa do outro mundo, porque é outro patriota. Não sabia disso. Mostra também que, quando a gente vê que a coisa é certa, tudo caminha para o seu lugar.
Segundo ele, outros colegas chegaram a pensar em datas para celebrar o Dia do Patriota, que avalia como "mais pesadas". Entre elas, estão o 31 de março, dia do golpe militar em 1964, e o 8 de janeiro, quando prédios dos três Poderes foram tomados por manifestantes golpistas no começo deste ano. Em Porto Alegre, um vereador bolsonarista apresentou um projeto escolhendo o dia para a comemoração — que, depois de promulgado pela Câmara local, foi revogado pelos parlamentares.
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Cópia de trechos de lei revogada
O projeto apresentado pelo deputado bolsonarista nesta terça-feira copia trechos do texto apresentado na Câmara de Porto Alegre, no começo do mês. Barroso argumenta que o patriotismo "parece estar desgastado" e que "o respeito à Bandeira e ao Hino Nacional está banalizado". Diante disso, alega Barroso, seria importante a criação de um dia em defesa dos símbolos nacionais.
Ele ainda chega a copiar trechos inteiros da sugestão que gerou polêmica na capital gaúcha. "O hino, a bandeira nacional, os heróis de sua história, compõem também o rol de símbolos que representam a nação e que devem ser honrados, defendidos e valorizados", diz uma das passagens idênticas.
"Assim, o Patriotismo é o amor genuíno que um indivíduo nutre pela história de seu território ou de sua nação, uma identificação sincera com sua identidade cultural historicamente construída, segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé", afirma outro recorte do projeto, também presente na iniciativa derrubada em Porto Alegre.
Nas redes sociais, Adilson Barroso costuma publicar fotos em que aparece ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e faz críticas constantes ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).