RECIFE

Pescadores do Recife fazem mutirão de limpeza no Rio Capibaribe e cobram por preservação ambiental

Ação ocorre em parceria entre a ONG Recapibaribe, Brilux e a Capesca, com expectativa de recolher cerca de 20 toneladas de lixo

Ação socioambiental e educacional que promove a limpeza do Rio Capibaribe por pescadores - Júnior Soares / Folha de Pernambuco

O Recife é comumente chamado de "Veneza brasileira", por ser cortado por rios em todos os lados. O maior deles, o Capibaribe, possui cerca de 240 km de extensão e ganha o destaque natural, principalmente em pontos da Zona Norte e do Centro da capital. 

Ainda assim, por mais que estejam nas mentes de todos os habitantes da cidade, as péssimas condições sanitárias do rio chamam ainda mais atenção do que a sua beleza, já que é possível ver a quantidade exorbitante de lixo flutuando pela superfície, seguindo a corrente da água, de qualquer ponto em que você estiver.

Todos os participantes receberam um kit de limpeza da Brilux. A ONG Recapibaribe ofereceu também uma ajuda de custo no valor de R$ 120 e uma cesta básica, formadas através de doações. 

Além disso, o pescador que recolheu a maior quantidade de lixo recebeu R$ 500. Já o segundo e o terceiro colocados receberam, respectivamente, R$ 300 e R$ 250 cada. As quantias foram doadas pela empresa Capesca. A iniciativa também contou com o apoio do Colégio Casa Forte.

Pescador que recolheu a maior quantidade de lixo ganhou R$ 500 em premiação. Foto: Cortesia

 

"Nós estamos reunidos aqui para recolher o máximo de lixo que conseguirmos. Contamos com 114 barcos atravessando o Rio Capibaribe durante o dia inteiro, e esperamos que cada pescador recolha 150 kg de lixo ao fim do dia. Isso é muito importante porque a preservação dessas águas, onde eu mesma cresci, me banhei e pesquei, é extremamente necessária, não só para a preservação ambiental, como também para a manutenção do trabalho desses pescadores", destacou a fundadora da ONG Recapibaribe, Socorro Cantanhede.


Preservação do Rio Capibaribe é uma pauta mais do que urgente
O Rio Capibaribe banha cerca de 42 cidades em Pernambuco, com Recife entre uma delas. O rio também é o ponto de sustento para milhares de pescadores, que movimentam a economia da capital através da pesca e venda de peixes, camarões, caranguejos e outras iguarias de uma lista que não acaba mais.

Apesar da clara importância do Capibaribe, no entanto, o que tem sido visto nas últimas décadas é um descaso com as águas do rio, como explica o Presidente da Associação de Pescadores e Aquicultores (APA), Fábio Romão.

"Eu venho de uma geração de pescadores muito longa. Meu avô pescou nesse rio, meu pai também, e agora eu e meus filhos. O Rio Capibaribe representa diversos pontos de enriquecimento do Recife, mas que vem sofrendo, nos últimos anos, com um descaso enorme do poder público", começou.

"Nós não temos políticas de saneamento e tratamento de esgoto decentes. As grandes empresas derrubam o lixo produzem dentro do rio, materiais que muitas vezes são tóxicos e destroem toda a atividade natural que circula nas profundezas do Rio. Não é só o plástico que flutua na superfície que é o problema. A questão é muito mais complicada e precisa de uma solução urgente", completou o presidente da APA.

A ONG Recapibaribe surgiu há 14 anos com o compromisso de atuar, da maneira que puder, no combate à poluição do Rio Capibaribe. Para isso, a organização realiza mutirões deste tipo todos os anos, com o objetivo de reduzir estes anos. Apesar da importância, no entanto, a ação não consegue abrangir todas as necessidades de saneamento do rio.

"Nós trabalhamos no Rio Capibaribe todos os dias e sabemos a dificuldade para tirarmos o nosso sustento dele. Ações como a de hoje são muito importantes, mas também temos noção de que vamos recolher bem mais do que as 20 toneladas de lixo esperadas, porque há muito mais lixo dentro desse rio do que as pessoas pensam. Não vamos ser apenas nós que vamos conseguir mudar essa realidade. Precisamos do apoio do poder público", cobrou Fábio Romão.

"Eu tenho 63 anos de idade e já vivi muito esse rio. Graças a Deus hoje em dia sou pescador aposentado, mas meu trabalho já me levou para todos os cantos dessa cidade, então eu vi a transformação do Capibaribe ao longo dos anos. A preservação e limpeza é muito importante, não só para a vida aquática do Rio, como também para todos os pescadores que dependem do rio para sobreviver", completou o diretor da Colônia V1 do Pina, que luta pela  preservação do rio, João Edson.



Continuidade do mutirão
A abertura do mutirão aconteceu na manhã desta quinta na sede da ONG Recapibaribe, localizada no bairro do Monteiro, na Zona Norte da capital. O trabalho dos pescadores se estenderá até por volta das 16h, quando todos irão se reunir na Rampa do Esporte, localizada no Departamento de Remo do Sport Club do Recife, no bairro da Madalena, Centro da capital. No local, será feita a pesagem do material recolhido e o anúncio dos três primeiros colocados, que receberão a premiação da Brilux.

Além disso, a marca também concedeu três cheques no valor de R$ 300 para três pescadores que possuem uma participação de longa data na ONG Recapibaribe.

"A Brilux possui um pilar da sustentabilidade, que é muito importante para a gente. Quando vimos que essa ação da ONG Recapibaribe ia acontecer, logo pensamos 'temos que embarcar nisso'. Então estamos com essa parceria porque temos o objetivo de ajudar não só na preservação do rio, que é muito importante, como também com o trabalho da ONG, que vem sendo realizado há 14 anos e representa o pensamento da Brilux", pontuou a representante da marca, Renata Carvalho.

O mutirão é apenas uma das muitas medidas tomadas pela ONG Recapibaribe. Para conhecer mais sobre a organização e contribuir com o trabalho, é possível adquirir mais informações através do perfil do Instagram deles (@capibar_recapibaribe).