CPI das Criptomoedas

De 'sex shop' a brincadeiras sobre futebol: veja os melhores momentos do depoimento de Ronaldinho

Ex-jogador prestou depoimento a integrantes de comissão que investiga pirâmides financeiras

Ronaldinho Gaúcho durante CPI das Criptomoedas - SERGIO LIMA/AFP

Mesmo após faltar duas vezes à convocação da CPI das Pirâmides, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho movimentou a manhã desta quinta-feira (31) na Câmara dos Deputados. Da chegada e saída marcadas pela tietagem de servidores, passando por diversos momentos curiosos durante o depoimento, como questionamentos sobre se faria propaganda para um loja de artigos sexuais.

Ronaldinho foi chamado pelos deputados para explicar sua ligação com a empresa "18K Ronaldinho". A companhia oferecia oportunidades de investimento e usava a imagem do ex-jogador nas suas propagandas. O antigo craque da Seleção, entretanto, afirmou que não tem qualquer ligação com a empresa. Ronaldinho disse que fechou um contrato de licenciamento de imagem com a empresa 18K Watches, para a venda de relógios. Entretanto, outra empresa dos mesmos sócios começou a utilizar, de maneira indevida, as imagens feitas para a venda de relógios, para oferecer investimentos.

Os investimentos prometiam um retorno irreal de 2% ao dia. Pessoas prejudicadas pelo esquema entraram na Justiça há dois anos tentando reaver o dinheiro. Irmão de Ronaldinho, Assis era o responsável pelos contratos, segundo o jogador, o que gerou a atenção dos deputados.

— Quer dizer que ele (Assis) chega para você com uma ideia para você fazer uma propaganda tal. Você escolhe a propaganda que quer fazer ou seu irmão escolhe para você? — perguntou Alfredo Gaspar.

Alfredo Gaspar (União-AL) questionou o jogador se, caso seu irmão apresentasse uma oferta de R$ 1 bilhão para fazer uma propaganda para uma loja de artigos sexuais, Ronaldinho faria. O jogador, entretanto, ficou em silêncio.

— Ô, Ronaldinho: se ele chegar e disser que tem uma loja de sex shop vendendo artigos sexuais, isso vai nos dar R$ 1 bilhão de lucro, o senhor faria?

Em outro momento, Gaspar começou a questionar o jogador sobre as roupas que estava usando. Ronaldinho respondeu, então, que é patrocinado por uma fornecedora de materiais esportivos. Questionado, então, se atestava a qualidade da empresa que o patrocinava, o ex-atleta voltou a usar seu direito de permanecer em silêncio.

Colorado, tricolores e camisa de Ronaldinho no gabinete

O passado de Ronaldinho como jogador também foi ponto de discussão em diversos dos questionamentos feitos pelos deputados, que lembraram dos feitos do jogador na Seleção ou na sua carreira por clubes.

— Com relação ao Ronaldinho Gaúcho, eu teria motivo aqui para ir contra ele, até porque ele surgiu no Grêmio e eu sou Colorado. Ele já me deu muito tremor com as jogadas dele e eu como Colorado já sofri muito — afirmou o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS).

— Aqui a gente não faz nenhum pré-julgamento. Bibo Nunes, eu sou flamenguista. Se você chegar na minha sala em Duque de Caxias, tem uma camisa do Flamengo autografada pelo sr. Ronaldinho Gaúcho. Hoje, a gente não está tratando do ídolo do futebol que deu muita alegria ao Brasil, a todos os torcedores. Estamos falando de um problema que lesou brasileiros, que o sr. Ronaldo está na qualidade de vítima, de testemunha, para apurar o que aconteceu com pessoas que perderam todo seu investimento — afirmou o presidente da comissão, o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ).

— Eu sou palmeirense — completou o relator da CPI, Ricardo Silva (PSD-SP).

Além da atenção dada durante o depoimento, o plenário onde foi realizada a oitiva do jogador também estava cheio de servidores interessados em tirar uma foto com o jogador após o seu depoimento. Após o termino da sessão, Ronaldinho deixou a sala por uma das saídas laterais, já lotadas de pessoas à espera de uma foto.

O jogador chegou a atender algumas pessoas que conseguiram passar pelos seguranças que o acompanhavam junto com seu irmão Assis. No segundo andar, novamente mais tietagem, antes de conseguir finalmente deixar a Câmara.