Christie's cancela leilão de segundo lote de joias de viúva de bilionário com passado nazista
Em maio, casa arrecadou mais de R$ 990 milhões em lances pelas primeiras peças, superando recorde do acervo de Elizabeth Taylor
A casa Christie's anulou o leilão do segundo lote de uma coleção de joias que pertenceram à falecida bilionária austríaca Heidi Horten, cujos vínculos de seu marido com o nazismo geraram polêmica.
São mais de 700 peças. A maioria delas foi vendida em maio em um leilão na Suíça, com possibilidade de compra online, que arrecadou mais de US$ 202 milhões (R$ 994 milhões). A venda do último lote estava prevista para novembro.
O valor arrecadado em maio superou o recorde de 2011 da coleção de joias da atriz anglo-americana Elizabeth Taylor, que ultrapassou US$ 115 milhões (R$ 565 milhões) em arrecadação.
Antes do primeiro leilão, a Christie's defendeu a venda afirmando que sua renda seria destinada a ações beneficentes e que faria uma doação a instituições judaicas e à educação sobre o Holocausto.
Porém, isto não impediu uma onda de críticas de várias organizações judaicas, incluindo o Comitê Judaico Americano (AJC) e o Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif).
Segundo o jornal The New York Times, o Yad Vashem, memorial oficial de Israel para as vítimas judaicas do Holocausto, recusou uma doação da casa de leilões e outras organizações fizeram o mesmo, devido à origem da fortuna do marido de Heidi Horten.
Helmut Horten foi proprietário de uma das grandes lojas de departamentos da Alemanha. Em 1936, três anos após a chegada de Adolf Hitler ao poder, Horten assumiu a empresa têxtil Alsberg, depois da fuga de seus proprietários judeus. Mais tarde, tomou o controle de vários negócios que pertenciam a judeus que fugiram da Alemanha nazista.