FÓRUM NORDESTE 2023

Produção de cana-de-açúcar deve crescer 5% no estado de Alagoas

Safra 2023-2024 deve ser de 21 milhões de toneladas, segundo previsão do presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira

Robério: "Da safra de 2016-2017 para cá, começamos a retomar a normalidade climática"

A expectativa para a produção de cana-de-açúcar de Alagoas, maior estado produtor do Nordeste, deve ser de 21 milhões de toneladas para a safra 2023-2024, que está começando este mês e vai até março do próximo ano. Em relação à safra de 2022-2023, isso representa 1 milhão de toneladas a mais, ou seja, um crescimento de 5%. A previsão é do presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira.

“O balanço que podemos fazer sobre as safras recentes de cana-de-açúcar em Alagoas pode ser estendido aos últimos seis anos, quando no primeiro deles descemos ao nível muito mais baixo da nossa produção que a história registrou, de 13 milhões de toneladas de cana”, lembrou Nogueira.

De acordo com ele, isso aconteceu em decorrência da política nacional de preço de combustíveis, que dificultou a vida de todos do setor no Brasil, e, no caso particular do Nordeste, foi aguçado com uma sequência de anos de seca, em que a ausência de chuvas esmagou boa parte da cana ainda no campo.

“Para este ano, a expectativa é de uma safra um pouco maior do que anterior pelo conjunto das observações do comportamento do clima satisfatório, até o presente momento, e com o esforço empresarial que se vem tendo na direção da recuperação das safras históricas que Alagoas sempre ostentou”, complementou.

Para o presidente do Sindaçúcar-AL, é uma expectativa e perspectiva alvissareira no que diz respeito a manter sustentado o aumento da produção e com uma safra maior do que a verificada em relação ao ano anterior. E mantendo a curva de crescimento que vem se verificando nos últimos seis anos por esforços dos produtores de cana e dos empresários industriais.

“Da safra de 2016-2017 para cá, começamos a retomar a normalidade climática e houve um esforço do Governo Federal de normalizar a política de preços dos combustíveis. Os empresários e produtores de cana deram a resposta correspondente e, nos últimos seis anos, a gente vem sucessivamente, a cada safra, aumentando a produção”, explicou. 

O crescimento na produção de matéria-prima (cana-de-açúcar) vem também contribuindo para a ampliação da oferta de biocombustíveis, mantendo o compromisso do setor de aumento da produção de etanol. “Isso se dá em decorrência do aumento da oferta de matéria-prima, que por sua vez reflete na de etanol, e ainda comporta um aumento da produção de açúcar para exportação, por conta dos nossos tradicionais contratos com esse mercado”, analisou.

As expectativas dão ao setor a possibilidade de expansão da produção de biocombustíveis no contexto da sustentabilidade. “Somando-se os fatores climáticos e os preços, que nesse momento estão um pouco deprimidos, o panorama permite que se direcione essa opção maior do etanol em decorrência da política estadual e do regime de ICMS, que recepciona muito bem a produção de biocombustíveis quando destinada ao mercado interno”, afirmou.

Novas tecnologias
O uso de novas tecnologias e inovação no setor, para Nogueira, é uma questão também relevante que se associa ao conjunto de fatores que vêm permitindo o crescimento sustentado da produção de cana e da produção industrial do Estado de Alagoas. 

Para Nogueira, Alagoas já pratica, por exemplo, há décadas a irrigação plena com a complementar, mas o estado precisa ter assegurado um suprimento hídrico muito mais regular e intensivo na cana-de-açúcar, com água e fertilizante, que é o processo de fertirrigação (aplicação de fertilizantes via água de irrigação, difere significativamente da aplicação via solo, em especial por acelerar o ciclo dos nutrientes utilizados), muito oneroso, que requereria um aporte relevante de poupança externa, para que isso se desse com maior velocidade.

“Os empresários, no entanto, vêm desenvolvendo isso paulatinamente de forma que a cada safra, aumenta-se essa área de fertirrigação plena e que, associada ao uso de novas variedades de cana que o programa Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) disponibiliza, faz com que a produtividade agrícola venha crescendo e, por outro lado, canas com mais riqueza que traduzem maiores produções industriais finais”, detalhou.

Expectativas dão ao setor a possibilidade de expansão da produção de biocombustíveis no contexto da sustentabilidade

Os usos de tecnologia e inovação pelo setor, acrescentou ele, passaram a ser também um processo abraçado pelos produtores alagoanos e que, associado às regularidades climáticas, vêm dando sustentabilidade ao momento de produção global de cana-de-açúcar com o uso cada vez menor de áreas topográficas públicas.
Desde o governo estadual passado, o setor sucroenergético alagoano estabeleceu uma parceria com o Executivo que vem permitindo certa estabilidade na política fiscal e na política tributária. Este acordo vem propiciando aos empresários um horizonte conhecido, transparente e estável na política de rendas decorrentes do preço em função da política tributária do novo regime do ICMS implantado. 

“Nossos pleitos foram atendidos, todos estão em pleno funcionamento e nesse momento estamos conversando com o Governo do Estado de forma que essas conquistas obtidas – nesse entendimento que o governo teve de ajuste nessa política fiscal do ICMS – não sejam de forma muito radical subtraída por ocasião da reforma tributária que está em curso”, lembrou. Cabe ao setor agora aguardar o desfecho da reforma tributária para manter essa renda, que advém, de forma saudável, do sistema tributário instalado em Alagoas desde 2018. 
Seminário internacional.

Pedro Robério Nogueira foi convidado para presidir o 32º Seminário Internacional da ISO – Organização Internacional do Açúcar (OIA), que será realizado em Londres, Inglaterra, em novembro. “Enxergo esse contive como um alargamento de organismos fora do Nordeste, e até do Brasil, no reconhecimento desse trabalho, desse esforço na profissionalização institucional instalada em Alagoas”, disse.

Ao sabe do convite, compartilhou sua satisfação com os produtores de Alagoas e do Nordeste. “Vou me esforçar para que o desempenho como chairman nesse evento dê o brilho que o esforço empresarial para a produção de Alagoas merece ter aos olhos de tantos quanto militam nesse setor no estado, no Brasil e no mundo”, completou.