Riqueza de Vicky Safra, que lidera lista de bilionários brasileiros, remonta a caravanas de camelos
Fortuna da família do banqueiro Joseph Safra é estimada em R$ 87,8 bilhões
Vicky Safra, viúva de Joseph Safra, foi anunciada como a primeira mulher a liderar a lista anual de bilionários brasileiros da revista Forbes, divulgada nesta quinta-feira. Seu marido foi o banqueiro mais rico do mundo até sua morte, em 2020. Vicky, de 70 anos, é chefe de um clã cuja fortuna, que remonta aos tempos do antigo Império Otomano, no século XIX, é estimada em R$ 87,8 bilhões.
Entre os bens da família, estão o banco J. Safra Sarasin, da Suíça, e do Banco Safra, do Brasil, dois bancos que somam cerca de US$ 90 bilhões em ativos totais. Imóveis como o arranha-céu Gherkin, em Londres, e o número 660 Madison Avenue, em Nova York, também estão entre as propriedades dos Safra.
A fortuna bancária dos Safra tem suas raízes em Aleppo, na Síria, onde a família fundou o Safra Frères & Cie na década de 1840. O local era importante para banqueiros, já que era ali, no noroeste da Síria, que convergiam mercadores do Oriente e do Ocidente.
Assim, a casa bancária financiava as caravanas de camelos que cuidavam do comércio ao longo do extenso território do antigo Império Otomano, que, em seu auge, ia da África e da Península Arábica até os Balcãs e a atual Turquia.
Segundo as informações que constam nos sites das empresas da família, a Safra Frères & Cie fazia também câmbio entre moedas de países da Ásia, África e Europa, além de comercializar prata e ouro.
O empreendimento familiar teve sucesso ao longo tempo e abriu filiais em Istambul, Alexandria e Beirute. A capital do Líbano acabou sendo, posteriormente, escolhida para ser a sede do Banco Jacob Safra, que recebeu o nome do patriarca da família nascido em 1891. Nos anos 1950, com o crescimento econômico global proporcionado pelo fim da II Guerrra Mundial, a empresa familiar deu voos mais altos e decidiu expandir-se rumo ao continente americano e europeu.
Em 1953, Jacob Safra mudou-se com a família para o Brasil onde fundou uma empresa de importação e comércio de metais, máquinas e gado, a Safra Importação e Comércio, e, posteriormente, criou um novo banco. Morto em 1963, foi substituído pelos filhos Joseph, Moise e Edmond, que passaram a comandar os negócios da família.
Em 1967, os três fundaram a financeira Safra. Depois, compraram o Banco Nacional Transatlântico e a instituição passou a se chamar Banco de Santos. Em seguida, adquiriram o Banco das Indústrias, que, em 1972, ganhou oficialmente o nome de Banco Safra S.A. Três anos depois, foi criado o Safra Asset Management, de investimentos, e em 1987, a Safra Corretora.
No Brasil, ficaram tocando os negócios, os irmãos Joseph e Moise. Edmond, o mais velho, ficou encarregado dos negócios no exterior. Ele mudou-se para os Estados Unidos, dando origem ao Trade Development Bank e o Republic National Bank of New York. Em 1974, criou o Safra National Bank of New York — empresa que se tornou um dos alvos da disputa judicial iniciada por Alberto Safra.
Em 2006, Joseph comprou a parte do irmão Moise, unifiando as instituições financeiras que ambos detinham.
Joseph, além do banco Safra, também era dono do J.Safra Sarasin, banco suíço criado em 2013. Tinha negócios também em outras áreas. Era dono de 50% da Chiquita Brands International, uma das maiores produtores de banana do mundo, em parceria com José Cutrale.
No mercado imobiliário, os Safra investiram em prédios de escritórios, um deles na Madison Avenue, em Nova York, comprado por US$ 285 milhões, alem do edifício Gherkin, em Londres, adquirido por US$ 1,15 bilhão, só para citar dois exemplos.
Ao morrer de causas naturais em 2020, Joseph Safra terminou sua carreira de empreendedor aos 82 anos. Naquele momento, com um patrimônio calculado em US$ 23,2 bilhões, era o brasileiro mais rico e o 82° do mundo.