CPI Americanas: PL e Psol se unem para tentar barrar relatório, pedido de vistas é concedido
Deputados falam em blindagem de acionistas majoritários. Cúpula da CPI não colocou em votação convocação dos bilionários e relatório que não prevê culpados
Deputados do PL e do PSOL se uniram em uma causa comum nesta terça-feira: tentar atrasar a votação do relatório da CPI da Americanas na Câmara dos Deputados e insistir na convocação do trio de acionistas Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Herrmann Telles.
Os parlamentares ressaltaram que nenhum dos requerimentos que solicitavam a convocação ou quebra de sigilo dos acionistas majoritários foram votados.
De acordo com os deputados, o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez se ofereceu para falar por videoconferência à CPI, antes de mandar carta à comissão alegando ser ‘bode expiatório’. Gutierrez chegou a ser convocado, mas disse que não compareceu à Câmara porque estava fora do país.
“Me tornei conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”, afirmou em carta à qual o Valor teve acesso.
O PL protestou dizendo que a carta não foi divulgada aos deputados pela cúpula da comissão.
— Nem tivemos acesso à carta do gutierrez — disse Ícaro Valmir (PL-SE).
— É um posicionamento muito estranho de uma CPI tomar vários depoimentos e não chegar a nenhuma conclusão. Estamos servindo de chacota — protestou.
Com o pedido de vistas, que é a análise dos deputados, o relatório da CPI da Americanas deve ser votado na quarta-feira que vem. Mas a insistência em convocar trio de acionistas não deve surtir efeito.
— Os requerimentos são uma atribuição do presidente da CPI pautar ou não. Nós seguimos o fluxo de trabalho do plano de trabalho do relator, que foi aprovado pelos membros da CPI. Aquilo que foi pautado, foi seguindo o fluxo do que foi determinado anteriormente — justificou o presidente Gustinho Ribeiro sobre o fato de não ter colocado em votação a convocação dos acionistas.
A CPI da Americanas convocou a ex-diretora Anna Christina Saicali, ela compareceu, mas ficou em silêncio, já que tinha um Habeas Corpus que lhe concedia este direito.
— Sempre exerci minhas funções com retidão. Jamais tive conhecimento de qualquer fraude — afirmou ela em breve declaração.