Ataque russo mata 17 pessoas no leste da Ucrânia
Segundo informações do primeiro-ministro, Denys Shmygal, uma criança está entre os 17 mortos
Ao menos 17 pessoas morreram nesta quarta-feira (6) em um bombardeio russo que atingiu um mercado no leste da Ucrânia, um ataque que coincide com a visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Kiev, onde deve anunciar uma ajuda de um bilhão de dólares (4,9 bilhões de reais na cotação atual).
Imagens das câmeras de segurança mostram uma rua comercial tranquila quando, de repente, se ouve o estrondo de um projétil e, em seguida, uma explosão muito forte. Outro vídeo mostra edifícios em chamas.
"Dezessete pessoas morreram e 32 ficaram feridas como resultado do bombardeio russo", disse o ministro do Interior, Igor Klymenko, anunciando que a operação de resgate havia terminado.
O primeiro-ministro, Denys Shmygal, informou que há uma criança entre os mortos no ataque, que ocorreu a cerca de 20 quilômetros da linha de frente.
O presidente Volodimir Zelensky acusou a Rússia de atacar deliberadamente civis e disse que não havia unidades militares "perto" do local.
Um ataque com drones explosivos russos já havia provocado uma morte durante a manhã na região de Odessa (sul), onde os portos utilizados para exportar grãos foram alvo de bombardeios.
Bilhões de dólares
Os ataques ocorrem no momento em que Blinken realiza uma visita surpresa ao país, a quarta desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022.
Durante o encontro com o chefe da diplomacia ucraniana, Dmitro Kuleba, antes do bombardeio ao mercado, o secretário de Estado americano reafirmou a determinação dos EUA de apoiar Kiev para alcançar a liberação dos territórios ocupados.
"Queremos garantir que a Ucrânia disponha de tudo o que necessita a longo prazo (...) e de fortes meios de dissuasão", afirmou.
Um alto funcionário da sua equipe disse aos jornalistas que esperavam "anunciar mais de um bilhão de dólares em um novo financiamento dos EUA para a Ucrânia no curso desta visita".
O Kremlin, por sua vez, acusou os Estados Unidos de "manterem a Ucrânia em estado de guerra" e garantiu que a sua assistência não pode "influenciar o resultado da operação militar especial", eufemismo utilizado na Rússia para se referir a esta invasão.
A Ucrânia lançou uma contraofensiva em junho contra as tropas russas que ocupam quase 20% do território no sul e no leste de seu território.
Entretanto, o progresso tem sido lento e complicado, diante de um território fortemente minado e da resistência russa, mas Kiev está confiante de uma reviravolta após tomar a localidade de Robotyne no final de agosto, o que poderá abrir o caminho para o sul e para a península da Crimeia.
Moscou nunca reconheceu a cessão desta região e o Ministério da Defesa russo disse na quarta-feira que repeliu quatro ataques ucranianos na área.
Blinken deverá se reunir com Zelensky para discutir a contraofensiva, assim como uma futura "reconstrução" do país, que já estava entre os mais pobres da Europa antes da invasão, segundo o comunicado do Departamento de Estado.
Em Kiev, o secretário de Estado foi a um cemitério deixar um buquê de flores em memória aos soldados ucranianos da linha de frente.
"Libertar cada centímetro"
Durante sua viagem de trem a Kiev, Blinken conheceu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que fez um discurso no Parlamento ucraniano pela manhã.
O americano agradeceu a Frederiksen pela "liderança da Dinamarca", que anunciou há duas semanas que, juntamente com a Holanda, iria entregar caças F-16 à Ucrânia.
Os deputados votaram a favor da substituição de Oleksiy Reznikov, que se tornou um dos rostos da resistência ucraniana, mas foi forçado a deixar o cargo devido a escândalos de corrupção em seu ministério.
O seu sucessor é Rustem Umerov, 41 anos, uma figura importante na comunidade tártara da Crimeia e que tem reputação de negociador discreto e pragmático.
"Farei tudo o possível e impossível pela vitória da Ucrânia, quando tivermos libertado cada centímetro do nosso país e de todos os nossos", disse Umerov no Facebook.