SELEÇÃO BRASILEIRA

Última dança? Neymar inicia novo ciclo na seleção sob incertezas, mas ainda protagonista

A um gol de superar Pelé com a camisa do Brasil, craque volta a jogar uma partida oficial após mais de seis meses, e será a principal referência do novo técnico Fernando Diniz

Neymar - CBF

A presença de Neymar na liga saudita e a de jovens estrelas como Vini Jr. e Rodrygo no futebol europeu pode dizer mais sobre a conjuntura do esporte no Brasil do que sobre seus talentos em si.

Fato é que o atacante do Al-Hilal reinicia um ciclo com a camisa amarela sob incertezas. Ainda que esteja no posto de protagonista dentro e fora de campo e seja titular absoluto da seleção.

Se marcar hoje contra a Bolívia, no pontapé inicial da seleção nas Eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026, às 21h45, no Mangueirão, em Belém, sob o comando do técnico Fernando Diniz, Neymar vai superar Pelé em número de gols, nas contas da Fifa. Ambos têm 77, sem contar os 18 que a CBF atribui ao Rei em amistosos.

Além dos gols, são 124 partidas pela seleção brasileira, superando ídolos como Ronaldo, Romário e Zico. Desde 2010, Neymar é o principal nome de uma geração, que ele mesmo batiza, ainda aos 31 anos. Pela idade, as incertezas sobre como chegará ao Mundial daqui a três anos são enormes.

Elogios mútuos
Ao técnico Fernando Diniz, o atacante deixou claro que a nova fase da carreira, com a saída do PSG e o acerto com o Al-Hilal, da Arábia Saudita, o impulsionou a escrever a página final de sua história com um belo capítulo na seleção. No caso, um bom desempenho em uma Copa do Mundo.

—Neymar externou todas essas coisas, tanto o desejo de a gente trabalhar junto e a vontade de repensar a participação dele na seleção. Ele se mostrou muito disposto, extremamente feliz pela oportunidade de a gente construir uma história — comentou o técnico na entrevista coletiva de divulgação da lista para os jogos contra Bolívia e Peru.
 

Dúvidas por questão física e esperança nos números
Após a participação no Catar, marcada por uma lesão logo na primeira fase, Neymar deixou o país sem garantir o retorno para um novo ciclo. O craque está há seis meses sem jogar uma partida oficial, entre troca de clubes e problemas físicos. Em julho, participou de um amistoso de pré-temporada pelo PSG, do qual saiu com lesão na coxa direita, e, por isso, ainda não estreou pelo clube saudita.

Neymar teve a participação na estreia da seleção nas Eliminatórias colocada em xeque por causa da lesão muscular, revelada pelo técnico do Al-Hilal, Jorge Jesus. Recuperado, o jogador treinou em Belém e será titular no meio-campo.

— Não é a primeira vez que sou convocado para a seleção desta forma. Me sinto bem e feliz. Não estou 100% fisicamente, mas a cabeça está boa — disse o camisa 10, que teceu elogios ao novo comandante da seleção brasileira.

A expectativa é para saber se o jogador repetirá o desempenho que teve antes da Copa do Mundo. Na temporada até chegar ao Catar, Neymar fez 29 jogos, em todas as competições, marcou 18 gols e deu 17 assistências. Conforme o tempo passou, o futebol do craque também se transformou. De atacante de beirada do campo a jogador cerebral, que marca gols mas também serve os companheiros.

A questão física e o excesso de lesões pesou ao longo dos últimos anos. Na primeira temporada no PSG, foram as mesmas 17 assistências, mas com 28 gols em 30 jogos. Em números, o melhor ano da carreira ainda é o de 2012, pelo Santos, com 43 gols e 20 assistências. Na melhor temporada pelo Barcelona, balançou as redes 39 vezes entre 2014 e 2015.

Cifras ainda impressionam
O histórico, talvez mais do que o momento, lhe fez custar 90 milhões de euros ao Al-Hilal (R$ 483,5 milhões). O atacante vai ganhar na Arábia Saudita 320 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão), incluindo salário, luvas e acordos comerciais. De acordo com o jornal francês Le Parisien, o atacante brasileiro agora é dono do terceiro maior salário do planeta. E só fica atrás de Cristiano Ronaldo e Benzema, empatados no valor do contracheque.

Recentemente, Neymar comparou-se a Zico ao lembrar que seu talento não pode ser medido apenas pelo fato de não ter uma conquista de Copa do Mundo. O novo ciclo se inicia com esse peso. O craque da última década prepara a sua última dança, se não com títulos individuais e de expressão, com o bolso cheio certamente.