Níger acusa França de enviar forças para intervenção militar
Comunicado com acusações contra militares franceses foi transmitido em rede de televisão nacional
O regime militar do Níger, que assumiu o poder em julho, acusou a França de enviar forças para vários países da África Ocidental tendo como objetivo uma “intervenção militar” no Níger. "A França continua a deslocar as suas forças para vários países da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) como parte dos preparativos para uma agressão contra o Níger, que está planejada em colaboração com esta organização comunitária", disse o Coronel Major Amadou Abdramane em um comunicado transmitido em televisão nacional.
Segundo Abdramane, esta implantação militar ocorre especialmente “na Costa do Marfim, no Senegal e no Benin”. Após o golpe de 26 de Julho, a CEDEAO ameaçou intervir militarmente no Níger e até iniciou os preparativos. A França, que conta com 1.500 soldados de um contingente anti-jihadista neste país do Sahel, apoiou a decisão.
As relações dos militares nigerianos com a antiga potência colonial e aliado fundamental na luta anti-jihadista deterioraram-se devido à posição da França com o presidente deposto Mohamed Bazoum. A junta, que quer a saída do contingente francês do país, anunciou no início de agosto que se retirava dos acordos de cooperação assinados com Paris.
O regime garantiu que no dia 1 de Setembro houve uma reunião entre o chefe do Estado-Maior do Níger e o comandante das forças francesas no Sahel para discutir "um plano para a retirada das capacidades militares francesas". Esta semana, o Ministério da Defesa francês reconheceu “trocas” com a junta para a retirada de “certos elementos militares” do Níger.
Os militares que deram um golpe de Estado no Níger em julho expulsaram, no dia 25 de agosto, o embaixador da França no país. Em um comunicado, a chancelaria golpista avisou que retirou as credenciais do diplomata francês, acusado de se recusar a "responder a um convite para uma entrevista", além de "outras ações do governo francês contrárias ao interesse do Níger”.
Declarações e manifestações contra a França se multiplicaram no país desde a deposição do presidente Mohamed Bazoum, eleito democraticamente. O novo regime acusa os franceses – que foram colonizadores na região e mantém tropas no país até hoje - de preparar uma intervenção militar para devolver o poder a Bazoum e de manipular a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao). A entidade impôs duras sanções econômicas e financeiras ao Níger após o golpe, e aprovou um plano operacional para intervir militarmente no país.